Diálogo inter-religioso: KAICIID entrega diplomas a bolseiros que integraram programa de promoção de paz nas comunidades

Cerimónia marcada pela graduação do primeiro bolseiro português

Lisboa, 05 dez 2023 (ECCLESIA) – O Centro Internacional de Diálogo (KAICIID) organizou esta segunda-feira, em Lisboa, a cerimónia de graduação de 69 bolseiros do Programa de Fellowship (programa de bolsas) de desenvolvimento de capacidades para cultivar líderes a promover a paz nas suas comunidades através do diálogo inter-religioso e intercultural.

Na edição de 2023 estiveram representadas 12 confissões religiosas, incluindo um bolseiro samaritano.

Os alunos viajaram de todos os cantos do mundo para Lisboa e pela primeira vez um português foi graduado pelo programa que foi lançado em 2015.

“Há muito mais do que a perspetiva e a crença que nós temos perante determinada religião, portanto, eu posso ter determinadas presunções acerca de uma religião e quando conheço pessoas que são dessa religião, eu acabo por ter uma perspetiva muito mais real e muito mais fidedigna e não apenas por aquilo que eu possa assumir que é”, afirmou João Magalhães, budista.

O entrevistado considera ter sido “transformador” poder estar em contacto com as diversas religiões e “perceber as particularidades e sensibilidades que existem”.

“É um enorme privilégio ser o primeiro fellow de Portugal, ainda para mais escolhido no meio de tantas pessoas. Neste grupo de 2023, acabamos por ser 69 com mais de 500 candidaturas, portanto, foi algo bastante importante para mim e significativo também para aquilo que é o diálogo inter-religioso e para aquilo que se pretende cultivar em Portugal”, destacou.

O secretário-geral adjunto do KAICIID, António de Almeida Ribeiro, olha com “grande satisfação” para a graduação do primeiro português no programa de bolseiros, que ganha maior simbolismo pelo facto de a sede do Centro de Diálogo Internacional ter sido transferida de Viena para Lisboa, e espera “que seja o primeiro de muitos outros”.

João Magalhães revela que esta experiência contribuiu para que ganhasse “humanidade”, “compaixão” e “sabedoria”, tornando-o “melhor facilitador, alguém capaz de gerir aquilo que é um diálogo”.

“Aquilo que os dias de hoje mais precisam é cada vez mais um diálogo, cada vez mais um entendimento para que as pessoas possam ultrapassar aquilo que são os seus preconceitos, as suas ideias já criadas para ir mais na direção do outro, no sentido mais empático, mais compassivo, para que também possam ser sanadas feridas e se possa encontrar um caminho melhor que possa ser bom para todos”, defendeu o também membro do Grupo de Trabalho para o Diálogo Inter-religioso.

“O diálogo é a palavra-chave que nós tentamos transmitir a todos os bolseiros e não só às pessoas com quem contactamos. Sem diálogo, não há paz, não há a possibilidade de resolver os conflitos. O diálogo é essencial, encontrar os pontos de acordo com os outros, de forma a podermos chegar a entendimentos”, entende o secretário-geral adjunto do KAICIID, António de Almeida Ribeiro.

Para o futuro, João Magalhães encontra-se a desenvolver atividades para promover o diálogo inter-religioso e intercultural com jovens.

Bolseiro português a receber diploma | FOTO: KAICIID

A partir de fevereiro, o entrevistado pretende levar às escolas um jogo, que também foi aplicado na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, para que professores e jovens possam ter uma “maior sensibilidade sobre aquilo que são as diferentes culturas e religiões”.

“Hoje em dia vemos cada vez mais a presença de um grande fluxo migratório e de uma diversidade enorme que existe nas escolas, portanto, cada vez mais os professores e os próprios alunos têm que ser sensibilizados em relação a isso”, assinalou.

“É muito interessante para ir desenvolvendo nas crianças o apetite sobre as diferentes ideias, as diferentes formas de estar, os quereres e, por vezes, até encontrar naquilo que eles achavam tão diferente, algo que se calhar, afinal, é tão semelhante”, acrescentou.

No que respeita ao KAICIID, o secretário-geral adjunto acredita que no futuro é necessário “renovar” a mensagem da importância do diálogo, uma vez que é a única via para entender o outro e ter acesso a diferentes ideias e perceções.

De acordo com António de Almeida Ribeiro, desde 2015 já concluíram o programa 516 bolseiros, sendo que este número se multiplica depois nos contactos que estes têm a nível local, nas respetivas comunidades.

Só em 2023, estima-se que tenha havido cerca de 20 mil contactos, frisa.

O Centro Internacional de Diálogo (KAICIID) é uma organização intergovernamental que promove a paz e a compreensão através do diálogo inter-religioso e cultural, reforçando as capacidades a nível local, nacional e regional através da educação sobre práticas de diálogo, aumentando a compreensão da diversidade religiosa e cultural através da liderança para a formação em diálogo.

LJ/OC

 

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