Francisco presidiu a Missa com pessoas desfavorecidas e quem os acompanha, em Roma
Cidade do Vaticano, 14 nov 2021 (Ecclesia) – O Papa criticou hoje no Vaticano a “economia do descarte” que obriga os mais pobres a “viver à margem” da sociedade, apelando à intervenção organizada dos católicos para superar esta situação.
Numa Missa com a presença de 2 mil pobres, na Basílica de São Pedro, Francisco sublinhou a precariedade em que estas pessoas são “constrangidas a viver”, vítimas “da injustiça e da desigualdade duma sociedade do descarte, que corre apressada sem os ver e, sem escrúpulos, os abandona ao seu destino”.
A celebração, que assinalou o V Dia Mundial dos Pobres, contou ainda com a presença de voluntários e representantes de organizações de caridade que trabalham diariamente no território de Roma.
O Papa declarou que os católicos devem ser “pessoas que agem”, que “partilham o pão com os famintos, trabalham pela justiça, levantam os pobres e lhes devolvem a sua dignidade”.
O Dia Mundial dos Pobres, que estamos a celebrar, pede-nos que não viremos a cara para o outro lado, que não tenhamos medo de olhar de perto o sofrimento dos mais frágeis, para os quais é muito atual o Evangelho de hoje”.
Francisco refletiu sobre o significado da “salvação” proposta por Deus, sublinhando que esta é mais do que uma “promessa reservada para o Além” e deve abrir caminho na sociedade, “por entre as opressões e injustiças do mundo”.
Aos cristãos, acrescentou, compete “alimentar a esperança do amanhã, curando a dor de hoje”.
“A esperança que nasce do Evangelho não consiste em esperar passivamente por um amanhã em que as coisas hão de correr melhor, mas em tornar concreta hoje a promessa de salvação de Deus: hoje, em cada dia”, precisou.
O Papa insistiu na necessidade de ser “construtores incansáveis de esperança” e “testemunhas de compaixão”, com uma presença atenta no meio de uma “indiferença generalizada”.
“Se a nossa esperança não se traduzir em opções e gestos concretos de atenção, justiça, solidariedade, cuidado da casa comum, não poderão ser aliviados os sofrimentos dos pobres”, advertiu.
Citando um bispo italiano, Francisco sustentou que os católicos devem “organizar a esperança, traduzi-la diariamente em vida concreta nas relações humanas, no compromisso sociopolítico”.
A homilia elogiou, ainda, o trabalho de tantas organizações católicas de solidariedade, que vai para além de “oferecer uma moeda”, uma esmola pontual, oferecendo um “olhar de esperança”.
“Levemo-lo com ternura aos pobres, com proximidade, com compaixão, sem os julgar. Nós é que seremos julgados. Porque ali, junto deles, junto dos pobres, está Jesus; porque ali, neles, está Jesus, que nos espera”, apontou.
O Dia Mundial dos Pobres celebra-se anualmente no penúltimo domingo do ano litúrgico, antes da solenidade de Cristo-Rei.
“A Igreja diz-nos: para e semeia esperança na pobreza, aproxima-te dos pobres”, pediu Francisco.
Em 2021, a celebração tem como tema ‘Sempre tereis pobres entre vós’, inspirado numa passagem do Evangelho segundo São Marcos (Mc 14, 7).
OC
Notícia atualizada às 11h25
Na recitação do ângelus, o Papa voltou a falar da celebração do Dia Mundial dos Pobres, “fruto do Jubileu da Misericórdia”.
“A humanidade progride, a humanidade desenvolve-se, mas os pobres estão sempre connosco, há sempre pobres, e neles está presente Cristo”, disse. Francisco recordou o encontro de oração e testemunho, com pobres, a que presidiu na cidade italiana de Assis, na última sexta-feira. Na sua reflexão, o Papa alertou para a tentação de viver “apegados às coisas terrenas”, porque só o amor permanece “para a eternidade”. “Quando vemos uma pessoa generosa e prestativa, mansa, paciente, que não tem inveja, não bisbilhota, não se vangloria, não se enche de orgulho, não desrespeita, essa é uma pessoa que constrói o céu na terra”, observou. “Talvez não tenha visibilidade, não fará carreira, não será notícia nos jornais, mas o que faz não será perdido. Porque o bem nunca se perde, o bem permanece para sempre”, acrescentou. |