Dia Mundial da Saúde Mental: Pandemia deixou “sequelas” nas crianças que só agora começam a ser percebidas (c/vídeo)

Paula Vilariça valoriza referência a patologias associadas à saúde mental na via-sacra da JMJ Lisboa 2023

Lisboa, 10 out 2022 (Ecclesia) – A psiquiatra de infância e adolescência Paula Vilariça afirmou, no contexto do Dia Mundial da Saúde Mental que hoje se celebra, que a pandemia deixou “sequelas” nas crianças “que começam agora a apresentar cada vez mais lacunas”.

“[A pandemia] transformou profundamente a sociedade, constituiu um fator de grande stress para uma geração inteira de crianças que estavam em desenvolvimento e, portanto, agora, à medida que o tempo vai passando, começa-se cada vez mais a perceber o desenvolvimento, os problemas de saúde mental, que raramente se desenvolvem imediatamente após os fatores traumáticos”, referiu, em entrevista à Agência Ecclesia, realçando que o agravamento dos problemas associados à Saúde Mental terão sido o “principal impacto” da Covid-19.

Ansiedade, depressão e problemas associados à socialização são patologias que a Pandemia agravou.

De acordo com dados da OCDE, citados pelo estudo ‘O impacto da Saúde Mental na Saúde Física de 2023’, Portugal é o país da União Europeia em que a prevalência de sintomas de problemas psicológicos é mais elevada (23%), isto é, praticamente um em cada cinco adultos.

Dado o impacto da problemática na população, essencialmente nos jovens e crianças, também na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, a Saúde Mental não passou em branco.

“A via-sacra teve este aspeto, não só na sétima estação, mas também em outras onde se falou das dependências, do isolamento. Foi, de facto, um momento muito virado para estas problemáticas e é um reflexo cada vez maior da consciência que os jovens têm das necessidades de ter uma boa saúde mental”, salientou Paula Vilariça.

Segundo a psiquiatra, também o Papa Francisco tem “momentos muito ricos e promotores da Saúde Mental”, em que o foco são a solidão, o ego e a importância de lidar com a crise.

Olhando para o futuro, Paula Vilariça reflete que “tem de se lutar pela saúde mental a partir da própria sociedade”, nomeadamente através da família, escola e comunidades.

“Apesar de tudo, eu acho que há uma tendência a que as coisas mudem, há um combate também que se faz de informação e de instrução das pessoas, dos jovens, das crianças, que está a dar bons resultados”, acrescentou.

A entrevista a Paula Vilariça foi hoje emitida no programa Ecclesia, na RTP2.

LS/LJ/PR

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