Dia Mundial da Paz: Papa pede combate contra a pobreza e paz para Gaza

Bento XVI lançou um apelo pela erradicação da pobreza em todo o mundo, frisando que a violência é uma forma de “pobreza”, pelo que são necessárias “respostas concretas à aspiração geral a viver em paz, em segurança, em dignidade”. No primeiro dia de 2009, lembrou a actual situação em Gaza, que já provocou centenas de mortos e feridos. O Papa falou do “profundo desejo de viver em paz que sobe do coração da grande maioria das populações israelitas e palestinianas, mais uma vez colocadas em situação de risco pela maciça violência que explodiu na Faixa de Gaza, em resposta a outra violência”. Na homilia que pronunciou neste Dia Mundial da Paz, na Basílica de São Pedro, Bento XVI disse ser necessário “combater a pobreza que impede as pessoas e as famílias de viverem segundo a sua dignidade”. Uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade e que, como tal, ameaça a convivência pacífica. Nesta acepção negativa se incluem todas as formas de pobreza não material que existem também nas sociedades ricas e avançadas: marginalização, miséria relacional, moral e espiritual”, elencou. Mais concretamente, indicou o Papa, há que “reduzir o desnível entre quem esbanja o supérfluo e quem carece até mesmo do necessário”. “Isto comporta escolhas de justiça e de sobriedade, opções que se impõem aliás pela exigência de administrar sapientemente os limitados recursos da Terra”, precisou. O Papa lembrou que, na Igreja, “o voto de pobreza é o compromisso de alguns, mas recorda a todos a exigência do desprendimento dos bens materiais e o primado das riquezas do espírito”. “A pobreza do nascimento de Cristo, em Belém, para além de ser objecto de adoração para os cristãos, é também, para todos, escola de vida, que nos ensina a combater a miséria, material ou espiritual, o caminho a percorrer é o da solidariedade, a que levou Jesus a partilhar a nossa condição humana”, observou. No final da homilia, o Papa quis “depor aos pés de Maria as nossas preocupações pelo presente e os temores sobre o futuro, mas ao mesmo tempo a fundada esperança de que, com o contributo sábio e clarividente de todos, não há-de ser impossível escutar, ir ao encontro do outro e dar respostas concretas à aspiração geral a vier em paz, em segurança, em dignidade”. Mais tarde, já na Praça de São Pedro e perante milhares de fiéis que desafiaram a chuva neste primeiro dia de 2009, Bento XVI afirmou que “Cristo não organizou campanhas contra a pobreza, mas anunciou aos pobres o Evangelho, para um resgate integral da miséria moral e material”. “O mesmo faz a Igreja com a sua obra incessante de evangelização e promoção humana”, concluiu. Na homilia que tinha proferido há minutos, o Papa precisara que “a história terrena de Jesus, culminando no mistério pascal, é o início de um mundo novo, porque inaugurou realmente uma nova humanidade, capaz, sempre e só com a graça de Cristo, de operar uma revolução pacífica”. “Uma revolução não ideológica, mas espiritual, não utópica mas real, e para tal carecida de infinita paciência, com tempos por vezes muito longos, evitando os atalhos e percorrendo o caminho mais difícil: a via da maturação da responsabilidade das consciências”, referiu. Segundo Bento XVI, “o nascimento de Jesus em Belém revela-nos que Deus escolheu para si mesmo a pobreza, ao vir ao meio de nós”. “Testemunha exemplar desta pobreza escolhida por amor é Francisco de Assis. Na história da Igreja e da civilização cristã, o franciscanismo constitui uma difusa corrente de pobreza evangélica, que tanto bem fez e continua a fazer à Igreja e à família humana”, assinalou. O Papa aludiu ainda à “estupenda síntese de Paulo sobre Jesus” e à exortação dirigida aos cristãos de Corinto quando lhes pedia para serem generosos a favor dos pobres: “Não se trata de colocar-vos em dificuldade para aliviar os outros, mas sim de fazer com que haja igualdade”. (Com Rádio Vaticano) FOTO: Lusa

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