Dia Mundial da Paz 2023: «Mudar o coração», o caminho do Papa para o mundo pós-Covid

Francisco destaca impacto da pandemia, que deve reforçar «sentido comunitário» e de fraternidade

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 16 dez 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco convida, na sua mensagem para o 56.º Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2023) a “mudar o coração”, no pós-pandemia, destacando que o impacto da Covid-19 deve reforçar o “sentido comunitário” e de fraternidade, na humanidade.

“Deixarmos mudar o coração pela emergência que estivemos a viver, ou seja, permitir que, através deste momento histórico, Deus transforme os nossos critérios habituais de interpretação do mundo e da realidade”, escreve.

A mensagem para a celebração do primeiro dia do novo ano tem como tema ‘Ninguém pode salvar-se sozinho. Juntos, recomecemos a partir da Covid-19 para traçar sendas de paz.

“Não podemos continuar a pensar apenas em salvaguardar o espaço dos nossos interesses pessoais ou nacionais, mas devemos repensar-nos à luz do bem comum, com um sentido comunitário, como um ‘nós’ aberto à fraternidade universal”, indica o Papa.

A maior lição que a Covid-19 nos deixa em herança é a consciência de que todos precisamos uns dos outros, que o nosso maior tesouro, ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum, e que ninguém pode salvar-se sozinho”.

Francisco elogia a resposta do mundo da saúde e das autoridades políticas à crise provocada pela Covid-19, “empenho, nalguns casos verdadeiramente heroico, de muitas pessoas que se deram para que todos conseguissem superar do melhor modo possível o drama da emergência”.

Foto: Vatican Media

A mensagem alude à falta de segurança laboral, solidão e um “um mal-estar geral, que se concentrou no coração de tantas pessoas e famílias”, com a pandemia, que pôs a descoberto “contradições e desigualdades” da humanidade atual.

“Hoje somos chamados a questionar-nos: o que é que aprendemos com esta situação de pandemia?”, apela o Papa.

Quais são os novos caminhos que deveremos empreender para romper com as correntes dos nossos velhos hábitos, estar mais bem preparados, ousar a novidade? Que sinais de vida e esperança podemos individuar para avançar e procurar tornar melhor o nosso mundo?”.

O texto considera que a confiança posta no progresso, na tecnologia e nos efeitos da globalização gerou uma “intoxicação individualista e idólatra”.

“Não podemos ter em vista apenas a nossa própria proteção, mas é hora de nos comprometermos todos em prol da cura de nossa sociedade e do nosso planeta, criando as bases para um mundo mais justo e pacífico, seriamente empenhado na busca dum bem que seja verdadeiramente comum”, sustenta Francisco.

A mensagem conclui-se com votos de que todos possam aprender, no novo ano, a “caminhar juntos, valorizando tudo o que a história pode ensinar.

“Formulo votos de todo o bem aos Chefes de Estado e de Governo, aos Responsáveis das Organizações Internacionais, aos líderes das várias religiões. Desejo a todos os homens e mulheres de boa vontade que possam, como artesãos de paz, construir dia após dia um ano feliz”, refere o Papa.

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 por São Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia de cada ano, com uma mensagem papal.

OC

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Agência ECCLESIA

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