Dia do Pai: Tempo confinado com quatro filhos foi oportunidade para conhecer «angústias e alegrias» ao minuto

Roque Cunha Ferreira, casado com uma médica anestesiologista, fala da experiência da paternidade que se ajusta, «com os mesmos valores», a quatro pessoas diferentes

Foto: Roque Cunha Ferreira e os quatro filhos durante um passeio higiénico em março de 2020

Lisboa, 19 mar 2021 (Ecclesia) – Roque Cunha Ferreira, pai de quatro crianças e casado com uma médica anestesiologista, foi  professor, cuidador e companheiro de brincadeiras nos tempos de confinamento, um período intenso que trouxe “riqueza à vida”.

“Ao princípio fiquei meio aflito, a pensar no que precisavam, como é que as peças se juntavam, como é que eu iria trabalhar nestes termos e organizar tudo em casa. Houve duas semanas de habituação e depois foi começar a encontrar processos que permitissem viver isto da melhor maneira”, recorda à Agência ECCLESIA, a partir da experiência do primeiro confinamento em março de 2020.

Apesar das tarefas exigentes em casa, o pai assume a importância de não querer ser uma sobrecarga para o trabalho que a mulher estava a ter, já de si “de desgaste e exaustão”, mas acrescido pelo contexto pandémico.

“Não seríamos nós um peso suplementar ao seu dia intenso. «Está descansada que cá em casa está tudo bem», era o que lhe dizíamos”, refere o entrevistado.

Com o tempo, focado no essencial e despreocupado sobre o acessório, a rotina foi sendo estabelecida e a experiência do confinamento ganhou outra dimensão.

“Não diria que foi riquíssima, mas conseguimos muito bem passar por ela”, tirando também proveito dos “passeios higiénicos”, aponta Roque Cunha Ferreira.

Percebi que resultava melhor ter as duas crianças à volta da mesa, onde era mais fácil tirar dúvidas, do que as ter cada uma no seu canto; percebi que dar banhos de manhã é melhor do que à noite, que os tinha despertos, e à noite me poupava tempo numa altura em que tinha de preparar o jantar; percebi que teria de ajustar os horários a que tinha habitualmente reuniões de trabalho. Aprendemos a lidar com a nova rotina, e a fazer desse tempo, eu não diria uma época riquíssima, mas conseguimos muito bem passar por ela”.

O sonho de ser pai foi crescendo com a relação entre o casal Roque e Mafalda Cunha Ferreira, sem planos ou ideias sobre quantos filhos gostariam de ter, apenas conscientes de que gostariam de ser uma família “pilar da sociedade e dar um contributo cristão”.

O Gonçalo com 12 anos, a Maria com nove, a Joana com seis e a Vera que, apesar dos seus quase três anos acompanha os irmãos em todos os desafios, confirmam a Roque a verdade de que não há educações e filhos iguais.

“O Gonçalo, o mais velho, o que mais o define é ter um bom coração – define as coisas com a bondade presente. A Maria é um doce, é muito querida na abordagem e preocupações. A Joana é uma apaixonada, é de fogachos mas com muita bondade. A Vera ainda estou a aprender: ela é muita coisa e muito desafiadora no bom sentido; traz sempre coisas novas, todos os dias. Vai sendo uma fonte de alegria e diversão”, resume.

Se a tarefa da paternidade se consolida a cada filho que nasce e se acompanha, importa também perceber que esta missão é enriquecida pela individualidade de cada um.

“A melhor coisa de ser pai é a oportunidade de crescimento que nos dão. A partir do que são, do crescimento que fazemos ao educá-los. Com base nestas características, tentar ao máximo, aprender, viver, levá-los, porque não há uma maneira de educar, há quatro; com os mesmos valores, mas com maneiras de comunicar e viver bem diferentes”, sublinha.

Roque Cunha Ferreira regista que no ser pai, a cada circunstância e perante a “sensibilidade de cada um”, há que ajustar “a necessidade de mimo” e o “tempo, também mental”, para sentar, ouvir e perceber a cada momento o que cada um necessita, mas destaca que esse processo “também vai mudando”.

No confinamento em março de 2020, mas também no recente período em casa, nos primeiros meses de 2021, o pai Roque destaca uma “reinvenção boa” pelo qual todos passaram.

“Eu jantava e almoçava todos os dias à mesa com os meus filhos, eu estava com as alegrias e angústias ao minuto, esta intensidade traz toda a riqueza para a nossa vida”, indica.

O programa ’70×7′ do próximo domingo (17h30, RTP 2) é dedicado ao Dia do Pai e vai apresentar diferentes experiências de paternidade.

LS

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Agência ECCLESIA

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