Dia da Terra: um Papa verde

Assinala-se hoje o Dia da Terra, criado em 1970, com iniciativas em centenas de países destinadas a chamar a atenção para a importância da preservação do ambiente.

Esta é uma das “causas” que tem vindo a ganhar relevo no pensamento de Bento XVI, após a sua eleição. Logo no primeiro dia de 2010, o Papa retomou este assunto central, afirmando que “o homem só será capaz de respeitar as criaturas na medida em que tiver no seu espírito um pleno sentido da vida”.

“Os deveres para com o ambiente derivam dos deveres para com a pessoa considerada em si mesma e em relação aos outros”, indicou, acrescentando que “quando se respeita na sociedade a ecologia humana, disso beneficia também a ecologia ambiental”.

Na sua mensagem para o último Dia Mundial da Paz, o Papa considera que a crise ecológica “oferece uma oportunidade histórica para elaborar uma resposta colectiva tendente a converter o modelo de desenvolvimento global segundo uma direcção mais respeitadora da criação e de um desenvolvimento humano integral”.

Por isso, assinala que não se pode avaliar a crise ecológica “prescindindo das questões relacionadas com ela”, desafiando a “uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento” e “o sentido da economia e dos seus objectivos, para corrigir as suas disfunções e deturpações”.

A encíclica “Caritas in veritate”, a terceira do actual pontificado, diz que os projectos para um desenvolvimento humano integral “não podem ignorar os vindouros, mas devem ser animados pela solidariedade e a justiça entre as gerações, tendo em conta os diversos âmbitos: ecológico, jurídico, económico, político, cultural”.

Em particular, Bento XVI desenvolve as questões relacionadas com “as problemáticas energéticas”, condenando “o açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis por parte de alguns Estados, grupos de poder e empresas”.

Além das intervenções papais, outro sinal da preocupação ecológica é o facto de o próprio Estado da Cidade do Vaticano ter sido o primeiro a chegar ao objectivo de “emissões zero” de carbono, com a criação, em 2007, de uma zona florestal em território húngaro.

Esta realidade confirma o crescimento da preocupação ecológica no Vaticano, particularmente visível no complexo fotovoltaico que foi instalado em 2008 no tecto da sala Paulo VI: dos quase 5 mil metros quadrados de superfície da cobertura, cerca de 2 mil foram substituídos por painéis solares, enquanto que o restante é utilizado como tela para aumentar a quantidade de energia captada.

O desafio é que o Estado da Cidade do Vaticano seja o primeiro na Europa a cumprir os objectivos europeus, que prevêem que até 2020 se obtenham de fontes renováveis pelo menos 20% da energia consumida.

Do Papa e dos seus colaboradores têm chegado diversos apelos em favor de uma economia sustentável e respeitadora do ambiente, em defesa do acesso universal à água como um direito humano e mesmo na promoção de um turismo mais ecológico.

O recente Compêndio da Doutrina Social da Igreja apresenta uma série de números dedicados a este tema. No ponto 481 pode ler-se que “os actuais problemas ecológicos, de carácter planetário, apenas podem ser eficazmente enfrentados através de uma cooperação internacional capaz de garantir uma maior coordenação do uso dos recursos da terra”.

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