Dia da Mulher: «Fragilidade e preconceito» na sociedade geram sofrimento maior – coordenador nacional da pastoral penitenciária (c/áudio)

Padre João Gonçalves pede prevenção da violência doméstica e traça realidade da Mulher nas prisões portuguesas

Foto: Lusa

Lisboa, 08 mar 2019 (Ecclesia) – O coordenador nacional da pastoral penitenciária, da Igreja católica em Portugal, pede atenção à prevenção da violência doméstica e fala de “fragilidade e preconceito” na sociedade, no Dia Internacional da Mulher que se assinala hoje.

“Uma agressão a uma mulher, e saúdo todas, a violência doméstica que leva a morte de tantas mulheres, muitas vezes no mês, merece uma atenção por parte das autoridades e de quem faz a prevenção, sejam os amigos, vizinhos, familiares, que percebem que as coisas não vão bem, que devem dar o passo para que se previna estes crimes e estas situações. A mulher é igual em dignidade, estamos todos de acordo, mas a fragilidade em que ainda estão votadas e o preconceito da sociedade faz com que a mulher sofra ainda mais”, refere o padre João Gonçalves em declarações à Agência ECCLESIA.

O sacerdote aveirense não esconde que é com “muita mágoa” que vê a problemática da violência doméstica sobre as mulheres e considera “inacreditável o que está a acontecer no nosso país”.

Da realidade prisional, que conhece  há mais de 30 anos, o padre João Gonçalves diz fazer-lhe pena ver uma mulher na prisão.

“Faz-me pena ver um homem na cadeia, mas muitíssima mais pena ver uma mulher na cadeia, isto não é, de modo nenhum, uma distinção, eu explico: as mulheres pela sua atividade, pelas emoções e sentimentos, sinto que é um choque muito forte”, considera.

O sacerdote contou que há tempos conheceu uma senhora, “muito velhota”, numa prisão que se agarrou a ele a chorar muito e perguntava: “O que estou aqui a fazer na cadeia, queria era estar em casa com os meus filhos e netos.”

Foto AE/MC, padre João Gonçalves

“São situações muito complicadas, também por uma questão de justiça e emoção, tenho muita pena. Veja-se a grande parte das mulheres detidas em Portugal, são estrangeiras, foram correios de droga, não são traficantes… quiseram ter dinheiro para o filho comer, para estudar, vieram enganadas e queriam salvar a sua família”, defende o coordenador nacional da pastoral penitenciária.

O responsável aponta que são 16% das mulheres detidas em Portugal são condenadas por tráfico de droga, mas a “razão pela qual aceitaram era para melhorar as suas vidas”.

“Elas contam-me as suas histórias e são verdadeiras”, conclui.

O padre João Gonçalves é convidado do programa de rádio Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, esta sexta-feira, pelas 22h45, onde deixou uma saudação a todas as mulheres em “situação de sofrimento”.

SN

 

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