A experiência de “deserto espiritual” ou de “silêncio de Deus” descrita nas cartas de Madre Teresa de Calcutá, agora dadas a conhecer, é um acontecimento que marcou a vida de muitos Santos e Santas da Igreja Católica, em especial a dos chamados “místicos”. Apresentados, nos últimos dias, como “prova” de que a Beata realmente não acreditava em Deus, estes textos não eram, contudo, segredo para a Igreja Católica. A religiosa pediu que após a sua morte, em 1997, se queimassem estas missivas, mas as cartas foram conservadas pelo sacerdote Brian Kolodiejchuk, postulador da sua causa de beatificação. Para o Pe. Kolodiejchuk , estas cartas ajudam a provar a santidade da religiosa porque permite ter um “novo entendimento, esta nova janela para a sua vida interior, que a meu parecer é o mais heróico possível”. Já em 2002, quando se anunciou a beatificação da religiosa, o Padre Kolodiejchuk oferecera uma entrevista à agência Zenit em que relatou esta fase na vida de Madre Teresa. “Antes da inspiração da sua obra, já tinha tido uma experiência de escuridão. Entretanto, é importante levar em conta que esta ‘noite’, este sofrimento interior, é fruto da sua união com Cristo, como aconteceu com Santa Teresa de Jesus, ou Paulo da Cruz”. “A ‘noite escura’ de Madre Teresa deve-se, portanto, à dupla dimensão que vive o amor dos religiosos: em primeiro lugar, a ‘esponsal’, o seu amor a Cristo, que a leva a unir-se aos seus sofrimentos; e, em segundo lugar, o amor ‘redentor’, que leva a compartilhar a redenção, a anunciar aos outros o amor de Deus para que descubram a salvação através da oração e do sacrifício”, acrescentou. A experiência espiritual da Beata é apresentada no livro “Mother Teresa: Come be my light”, que será lançado a 4 de Setembro e que reúne as cartas enviadas aos seus confessores e superiores. O Cardeal Julián Herranz, membro do conselho de Cardeais da Congregação para as causas dos Santos, indicou que “a vida dos santos está cheia de confissões parecidas, pessoas que experimentaram o deserto da noite da fé”. “Esta é a prova de grandeza da fé da Beata Madre Teresa e nada tira à sua santidade, por isso o processo de canonização não será condicionado por estas cartas”, acrescentou. Redacção/ACI