Desemprego: Recuperação do trabalho para todos exige novos modelos de organização da sociedade

D. Manuel Clemente no ciclo de conferências «Olhares Cruzados»

Lisboa, 06 fev 2014 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente afirmou esta quarta-feira no ciclo conferências “Olhares Cruzados” que a recuperação social e económica não irá repor modelos de sociedade do passado e que o problema do trabalho “ultrapassa” o do emprego.

“Não vai dar. Nós não vamos recuperarmo-nos como éramos e onde já ficava muita gente de fora. Se temos isso como horizonte, acabou”, afirmou o patriarca de Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian durante a conferência promovida pelo jornal Público e pela Universidade Católica Portuguesa.

Para D. Manuel Clemente, é necessário repensar a recuperação europeia noutros termos, quer quantitativos quer qualitativos, porque “não dá para todos” e aos excluídos de dentro vai juntar-se o “proletariado externo”.

“Eu sou muito sensível àquilo que se passa na outra margem da ‘ribeira’ do mediterrâneo, à acumulação constante de populações subsarianas que a única coisa que querem é vir para a Europa. Todos ficarão cá dentro necessariamente. Não há xenofobia nenhuma que consiga travar isso e ainda bem”, afirmou D. Manuel Clemente.

Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e da Segurança Social, participou neste debate, moderado por Artur Santos Silva, onde apresentou a “descida lenta mas consistente” dos indicadores do desemprego em Portugal no último trimestre de 2013.

Segundo números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, o desemprego em Portugal desceu para 15,3% nos últimos três meses de 2013, mantendo a tendência dos restantes meses desse ano.

Numa conversa “cruzada” sobre “a situação social em Portugal”, D. Manuel Clemente afirmou que “o trabalho é próprio da condição humana”, exigindo soluções em “qualquer idade”.

“O que vai acontecer em termos de emprego terá de ser mais amplo, terá de ser mais inclusivo, e terá de olhar para outras realidades que não são aquelas que estão imediatamente colocadas dentro dos circuitos do consumo”, referiu o patriarca de Lisboa.

Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o “problema do trabalho ultrapassa o problema do emprego” e tem de ser assegurado “independentemente do aspeto remuneratório” porque se a pessoa permanece ativa e criativa, tem outra qualidade de vida e dá outra qualificação à sociedade onde se insere”.

A terceira sessão das conferências “Olhares Cruzados”, promovidas pelo Jornal Público e pela centro do Porto da Universidade Católica Portuguesa, irá debater o papel das cidades no futuro do país, na próxima quarta-feira dia 12 de fevereiro, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, às 18h00, com António Costa, Rui Moreira e a moderação de António Barreto.

PR

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