Desemprego: Comissão Justiça e Paz de Coimbra condena «violência insuportável»

Responsáveis católicos assinalam 1.º de maio com alertas para o futuro dos trabalhadores

Coimbra, 30 abr 2012 (Ecclesia) – A Comissão Diocesana Justiça de Paz (CDJP) de Coimbra alertou para o “insuportável aumento de desemprego” que, para os seus responsáveis, coloca “em causa o direito ao trabalho” em Portugal.

“Estamos a viver uma dolorosa mudança de paradigma cujo alcance ainda não vislumbramos, mas que aponta para uma nova ordem social, política, económica e financeira”, assinala a mensagem do organismo católico para a celebração do 1.º de maio, enviada à Agência ECCLESIA.

O documento fala numa “explosiva falta de confiança” e um “sentimento generalizado de injustiça na distribuição dos sacrifícios”, acrescentando que a “austeridade imposta” sobre a população “não está a produzir os efeitos anunciados”.

“A justiça social é violada quando a esmagadora maioria dos chamados para enfrentar a crise são aqueles que menos têm a ver com o seu desencadear ou quando se perpetua a manutenção de privilégios abjetos a uma ‘nomenklatura’ que, como sempre, situada na órbita ou dentro do poder político, se mantém incólume nos sacrifícios que são exigidos aos outros”, denunciam os membros da comissão.

Tomando como pano de fundo o Dia do Trabalhador, a CDJP lembra os mais de um milhão de portugueses que estão sem emprego, “uma realidade verdadeiramente inaceitável”.

“As consequências desta pandemia galopante repercutem-se na nossa sanidade mental como pessoas e como sociedade”, assinala a mensagem.

Para o organismo católico, as consequências do desemprego “invadem todo o tecido social” e condicionam opções “fundamentais para a realização de cada um, desde a constituição da família ou a educação dos filhos, até à necessidade da emigração”.

Nesse sentido, o documento convida à “participação de todos os cidadãos” para que esta situação “seja superada e não volte a repetir-se”, fomentando a “centralidade da pessoa” e o “bem comum”.

A mensagem alude ainda à necessidade de “reinvenção do conceito de trabalho”, ultrapassando a ideia de que o mesmo é um “mero meio de subsistência”.

“O trabalho é vocação, por ser o principal meio para a realização plena da pessoa e por corresponder ao mandato divino de ‘cuidar e guardar o jardim’ que é o nosso planeta”, pode ler-se.

A CDJP lamenta, por outro lado, uma “enorme debilidade” da maioria das empresas portuguesas nos domínios “económico, financeiro, tecnológico e de gestão” e a “aparente ausência de uma estratégia por parte do Governo, no combate a estes graves problemas”.

Os responsáveis do organismo condenam a resistência do sistema financeiro em contribuir para o desenvolvimento das empresas, qualificando como “revoltante e imoral” a dificuldade na atribuição de empréstimos.

“Afinal, os banqueiros, mesmo em Portugal, acabam por ser parte do problema e não parte da solução”, acusa a comissão.

Em conclusão, a mensagem refere que “só com o respeito pela centralidade da pessoa, a dedicação desinteressada ao bem comum, a reconquista da confiança geral”, será possível superar a situação atual.

“Um povo só pode superar as crises, quando todos os seus membros, alimentados por uma confiança coletiva inabalável e por uma vontade decidida e inquebrantável, concertarem os seus esforços para vencer as dificuldades”, assinala a CDJP de Coimbra.

OC

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