D. Ximenes Belo defende educação para o diálogo

O bispo D. Ximenes Belo defendeu ontem à noite (dia 4 de Junho) que "a compreensão da necessidade de solidariedade e de cooperação internacionais" deve fazer parte da educação dos jovens nas escolas e nas universidades.

Durante uma conferência sobre "Os Jovens e a solidariedade: razões para a praticar", promovida pela Escola Profissional de Tondela, considerou que "a consciência da interdependência mundial está a crescer entre todos os povos".

"Quando há uns dias caiu o avião (da Air France, desaparecido quando seguia para Paris), todos nós sentimos como se acontecesse com pessoas da nossa família. De facto, cresce hoje esta consciência da interdependência mundial entre os povos", frisou o Prémio Nobel da Paz (1996).

Na sua opinião, "a educação para a solidariedade exige também educação para a paz", desde logo "a paz psicológica, a interior" de cada um.

"Quando falamos de educação para a paz, estamos a falar de educação do coração, do nosso inconsciente, da nossa personalidade, da compreensão e respeito de todos os povos, das suas civilizações e dos seus valores, dos seus modos de vida, incluindo as culturas das etnias e também das minorias", acrescentou.

Por outro lado, D. Ximenes Belo defendeu que ao falar-se de solidariedade, deve também ter-se em contra "a educação para o diálogo".

"Num mundo marcado pela globalização, não podemos esquecer pura e simplesmente esta realidade: que no Mundo existem diversos povos, religiões e culturas", frisou.

Neste âmbito, o bispo Emérito de Timor-Leste considera que "um dos caminhos possíveis para se alcançar a solidariedade internacional é reconciliar os vários seguidores das diversas religiões e culturas".

"Fazendo-lhes conhecer que somos todos membros da grande família humana e como cristãos fomos todos criados por Deus", frisou.

No final da conferência, D. Ximenes Belo recebeu um cheque com um valor superior a cinco mil euros angariados durante a campanha "Tondela abraça as crianças de Timor", promovida pela Escola Profissional.

O director da escola, João Carlos Figueiredo, recordou a conversa com D. Ximenes Belo sobre a falta de recursos das famílias das 1.530 crianças integradas nas missões católicas da Diocese de Baucau, em Timor-Leste, tendo este dito que se a escola conseguisse ajudar 50 já era bom.

A solidariedade demonstrada pela comunidade escolar e pelas entidades de Tondela dará, no entanto, para ajudar "mais de 400 crianças", congratulou-se João Carlos Figueiredo.

O director considera que uma escola tem de transmitir "regras e valores fundamentais para a complementaridade da sua formação técnica", convencido que está de que "nenhum aluno será um bom técnico se não tiver uma sólida formação humanista".

(Com Agência LUSA)

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