D. Amândio Tomás: Sacerdote em Roma e bispo em Portugal

Percurso académico e diplomático marca os 50 anos de ordenação sacerdotal do bispo de Vila Real que hoje se assinalam

Vila Real, 15 ago 2017 (Ecclesia) – O bispo de Vila Real celebra hoje as bodas de ouro sacerdotais na diocese onde nasceu e que serve no episcopado desde 2008, depois de “40 anos de ausência” noutras dioceses portuguesas e em Roma.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Amândio Tomás disse que foi "sacerdote em Roma e bispo em Portugal".

Após a ordenação sacerdotal, na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, a 15 agosto de 1967, na capela do seminário diocesano, o então jovem padre foi estudar Teologia Dogmática, na Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma.

Este foi um “impacto grandioso”, permitindo viver a “transição” do Concílio Vaticano II que “foi relativamente serena”, calma, e foi um “período de aprendizagem importante e de adaptação”.

D. Amândio Tomás concluiu a licenciatura e regressou a Portugal, onde foi professor na Diocese de Lamego, por exemplo, do atual bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos.

Em 1976, voltaria Roma para estudar Ciências Bíblicas, no Pontifico Instituto Bíblico, tendo sido nomeado vice-reitor do Colégio Pontifício Português e depois reitor da instituição, funções que desempenhou entre 1982 e 2001.

O bispo de Vila Real recorda que teve missões de “mediador” entre o episcopado e os dicastérios da Cúria Romana; o trabalho diplomático, nesses anos, foi um serviço mais ao episcopado angolano e moçambicano.

D. Amândio Tomás participou mesmo em missões secretas de “libertação de missionários”: “Vim a Lisboa uma vez mandado pelo Vaticano, um caso de Moçambique, contactar o chefe da Renamo, eram missões delicadas”.

O bispo de Vila Real recorda ainda que esteve como diácono no Cinquentenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, na celebração presidida pelo Papa Paulo VI, a 13 de maio de 1967.

O prelado considera que era “admirável” ouvir Paulo VI, algo que fez no Vaticano, onde contactou com mais dois pontífices, o Papa João Paulo II e o agora Papa emérito Bento XVI, em 27 anos na capital italiana.

Para D. Amândio Tomás, o pontificado do Papa polaco foi “extraordinaríssimo” e “marcou uma época importantíssima” da história da Igreja.

“No dia da eleição estava na Praça de São Pedro e recordo-me bem das pessoas ao meu lado. Uma senhora disse: ‘Como não é italiano? A Igreja está perdida!’ E deitou as mãos à cabeça”, mas o bispo português pediu confiança.

D. Amândio Tomás é amigo do Papa emérito Bento XVI, um relacionamento que começou com uma conferência do então cardeal Joseph Ratzinger no Colégio Português em Roma aos alunos alemães, “desejosos” de ouvir o “magnifico professor, prodígio de saber, um génio humilde”.

A eleição como Papa, em 2005, já foi recebida na Arquidiocese de Évora onde era bispo auxiliar.

“É uma pessoa de um diálogo, ouve, é paciente, não gosta do primeiro plano, mas é um homem santo”, acrescenta, considerando que a sua renúncia em 2013 “foi uma medida inteligente, em prol da Igreja” devido ao seu estado de saúde.

D. Amândio Tomás celebra hoje as bodas de ouro de ordenação sacerdotal com uma Eucaristia, às 18h00, na Sé.

Dia 18, a diocese recebe um concerto do órgão sinfónico da Sé de Vila Real, com o organista dinamarquês Jakob Lorentzen, a partir das 21h00.

O bispo nasceu em Cimo de Vila da Castanheira (Chaves), em 23 de abril de1943, e é o mais velho de cinco irmãos; entre 1955 e 1967, estudou Humanidades, Filosofia e Teologia, no seminário diocesano em Vila Real.

D. Amândio Tomás é o entrevistado do programa Ecclesia desta terça-feira, às 15h00 na RTP2.

PR/CB/OC

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