Cultura: Limitar a aposta artística ao «quanto vale, quanto custa» é um «erro» estratégico

Tema esteve em destaque durante uma conferência inserida no festival «Terras Sem Sombra», promovido pela Diocese de Beja

Beja, 22 mai 2013 (Ecclesia) – O diretor de estudos musicais do Teatro Nacional de São Carlos diz que iniciativas como o festival de música sacra “Terras Sem Sombra”, organizado pela Diocese de Beja, são essenciais para a sobrevivência e propagação da cultura.

“Julgo que o Festival assume, só pelo facto de existir, uma grande importância num país e, sobretudo, numa zona onde não existe tanta atividade de divulgação cultural”, refere João Paulo Santos, numa nota do gabinete de imprensa do certame, enviada hoje à Agência ECCLESIA.

No âmbito do programa do festival, que decorre até 14 de julho, o maestro participou numa conferência sobre a ópera em Portugal no século XVIII, em que aproveitou para abordar a conjuntura que rodeia atualmente a música e a cultura, a nível nacional.

Para aquele responsável, as iniciativas de caráter artístico e educativo deveriam “ter mais apoio” e esquecer este “investimento” significa também “perder uma identidade”.

“Cada vez mais, pensamos mais no ‘quanto vale, quanto custa’, o que também conta, mas não podemos cair no erro de nos orientar exclusivamente por esse fator”, alertou o representante do Teatro Nacional de São Carlos.

Durante a sua reflexão, João Paulo Santos recordou os anos de ouro que a produção artística em Portugal viveu no século XVIII, no período setecentista, através do apoio da corte.

“Algo que contrasta, inevitavelmente, com os dias de hoje, quando a cultura tem vindo a diminuir o seu espaço na sociedade e a focar-se, quase como um monopólio, em grandes centros culturais, excluindo muitas regiões do mapa português”, apontou.

Com o objetivo de contribuir para a “descentralização” da cultura, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, impulsionador do festival “Terras Sem Sombra“, assinou um protocolo de colaboração com o Teatro Nacional de São Carlos.

Um dos frutos visíveis dessa parceria vai poder ser apreciado no dia 1 de junho, com um concerto organizado em regime de coprodução, na igreja matriz de São Cucufate, em Vila de Frades (Vidigueira), dedicado à obra de Joseph Haydn “As Estações”.

O espetáculo, com início marcado para as 21h30, contará com a direção musical de Donato Renzetti, a interpretação de Luís Rodrigues, Carmen Romeu e Mário João Alves, e o acompanhamento da Orquestra Sinfónica Portuguesa e do Coro do Teatro de São Carlos.

JCP

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