Cuidar uma ca(u)sa comum

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

No dia 5 de junho de 1972 iniciava em Estocolmo Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente. Decorreu até ao dia 16 e legou à história o dever de assinalar o Dia Mundial do Ambiente nesse dia inaugural de um encontro mundial de representantes dos países de todo com um ponto principal na agenda dos trabalhos: o ambiente.

Do encontro das Nações Unidas saiu uma declaração, um “manifesto ambiental”, onde se proclamam 26 princípios essenciais à proteção dos recursos naturais, à adoção de modelos de desenvolvimento que tenham em conta as disponibilidades do planeta, à cooperação entre todos os países em questões ambientais e ao desenvolvimento de uma educação para a ecologia.

Temas abrangentes para uma questão grave relativa ao futuro da humanidade que tarda em ser assumida como tal e usufrui, com frequência, de tradições vividas em torno de um “carpe diem” alimentou correntes filosóficas da antiguidade ou comodismo da modernidade. O poeta latino Horário (65 a.C.-8 a.C.) mal imaginaria que essa expressão do Livro I de “Odes” determinaria opções de muitos humanos na atualidade, decisões políticas, estratégias económicas e mesmo a exploração de recursos naturais. Neste caso a partir de um pressuposto fácil de enunciar, mas com consequências inimagináveis: se tenho o que preciso para hoje, porque me preocupo com o amanhã?

A ecologia, a proteção ambiental, o respeito pela natureza, a reutilização dos recursos naturais e a consciência de que o que a Terra dá tem um fim sugere que se abandone o facilitismo de todo o “carpe diem” para pensar no amanhã, o meu amanhã, dos que amo, dos que desconheço, dos que estão para chegar. É esta a causa em que todos estamos comprometidos. É esta a casa que todos temos de cuidar.

Há um ano, o Papa Francisco referiu-se, de forma surpreendente, ao “desafio urgente de proteger a nossa casa comum” quando escreveu a encíclica “Laudato sí”. Um documento que vai muito além de apelos inconsequentes. O Papa liga ecologia com política, faz depender a proteção do ambiente do combate à pobreza, do reconhecimento dos limites, da partilha dos recursos naturais existentes e da concretização do que chamou de “ecologia humana”.

Desafios que são uma causa comum porque o único meio de cuidar da casa comum.

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