Cuba: Bento XVI convoca católicos para construir sociedade «renovada»

250 mil pessoas acompanharam primeira missa celebrada pelo Papa na ilha

Santiago de Cuba, Cuba, 26 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI convocou hoje os católicos cubanos para a promoção de uma sociedade “aberta e renovada” na ilha caribenha, recorrendo às “armas” da paz, do perdão e da compreensão.

O Papa falava em Santiago de Cuba, numa missa que reuniu 250 mil pessoas [dados do jornal oficial cubano Granma] no primeiro dia da sua visita ao país, depois de ter estado no México entre sexta-feira e esta manhã.

Numa longa cerimónia, com músicas cubanas, Bento XVI pediu que a Igreja Católica esteja na linha da frente para “construir uma sociedade melhor, mais digna do homem, que manifeste melhor a bondade de Deus”.

“Quando Deus é posto de lado, o mundo transforma-se num lugar inóspito para o homem”, alertou, diante de uma multidão em que marcava presença o presidente cubano Raúl Castro.

O Papa chegou ao altar pelas 16h10 (mais seis em Lisboa), uma construção na Praça Antonio Maceo [general cubano e líder independentista (1845-1896)], para a missa por ocasião dos 400 anos da descoberta da imagem da Virgem da Caridade, padroeira de Cuba.

“Não ignoro o sacrifício e a dedicação com que se preparou este jubileu, especialmente sob o ponto de vista espiritual”, referiu o Papa.

A pequena estátua em madeira foi trazida para o local desde o santuário nacional onde se encontra, em El Cobre – é apenas a quarta vez que tal acontece na história -, e Bento XVI quis depositar junto dela a Rosa de Ouro, sinal de devoção especial.

“Sob o olhar da Virgem da Caridade do Cobre, desejo fazer um apelo a que deis novo vigor à vossa fé, vivais de Cristo e para Cristo”, pediu.

Bento XVI mostrou-se reconhecido pelo “esforço, coragem e dedicação” dos católicos cubanos e defendeu que a Igreja tem a missão de “abrir o mundo para algo maior do que ele mesmo, ou seja, para o amor e a luz de Deus”.

“Aceitemos com paciência e fé qualquer contrariedade ou aflição, convictos de que Ele, com a sua ressurreição, venceu o poder do mal, que tudo obscurece, e fez amanhecer um mundo novo, o mundo de Deus, da luz, da verdade e da alegria”, prosseguiu o Papa, que foi acolhido ao som do mesmo cântico que acolheu João Paulo II em 1998.

A homilia deixou uma palavra especial aos casais católicos, “ célula fundamental da sociedade e verdadeira Igreja doméstica”.

“Cuba precisa do testemunho da vossa fidelidade, da vossa unidade, da vossa capacidade de acolher a vida humana, especialmente a mais indefesa e necessitada”, disse o Papa.

Os participantes rezaram para que todos os cubanos, onde quer que estejam, se “reconheçam como irmãos”, para lá de “qualquer diferença”, e procurem “o bem da sociedade e da pátria no diálogo e na compreensão”.

O presidente da Conferência Episcopal Cubana, D. Dionisio García, disse na saudação que dirigiu ao Papa, visivelmente emocionado, que é necessário “superar todas as barreiras que separam os cubanos entre si” para obter, “com esperança e decisão, uma república próspera, inclusiva e participativa”.

Após a missa, o Papa seguiu para o Seminário São Basílio Magno, em El Cobre, nos arredores de Santiago de Cuba, pernoitando junto do Santuário da Virgem da Caridade que vai visitar, esta terça-feira de manhã, como peregrino, no ano jubilar celebrado pela Igreja local.

OC

Notícia atualizada às 01h38, 27.03.2012

 

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