Cristãos e judeus unidos contra o esquecimento

Comissão bilateral permanente da Santa Sé e o Grão-Rabinato de Israel reuniu em Roma

A comissão bilateral permanente da Santa Sé e o Grão-Rabinato de Israel emitiu esta Quarta-feira um comunicado conjunto, no final de uma reunião de trabalho que decorreu em Roma, de 17 a 20 de Janeiro.

O documento, publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, destaca uma intervenção do Pe. Patrick Desbois, na Universidade Pontifícia Gregoriana, que falou sobre o trabalho desenvolvido pelo projecto Yahad in Unum para localizar e impedir que se esqueçam os locais não identificados da Europa em que tiveram lugar “assassinatos em massa durante a Shoah”.

“A comissão instou as respectivas comunidades religiosas a prestar ajuda e dar a conhecer esta obra tão importante para aprender – com as tragédias do passado – a proteger e respeitar a santidade da vida humana em todos os lugares, para que não tornem a repetir atrocidades semelhantes”, pode ler-se.

Yahad-In Unum foi fundado em Janeiro de 2004 pelo Cardeal Jean-Marie Lustiger, então Arcebispo de Paris, e o Rabino Israël Singer, secretário-geral do Congresso Judaico Mundial. O nome do projecto deriva do termo hebraico e da expressão latina que significam “juntos”.

A comissão bilateral destacou ainda a visita que Bento XVI realizou no passado Domingo à Sinagoga de Roma, onde “reafirmou o compromisso da Igreja Católica no diálogo e na fraternidade com o povo judeu”, condenando “de forma inequívoca o anti-judaísmo e o anti-semitismo”.

Ambas as partes fizeram referência à “catastrófica tragédia do Haiti”, assegurando “as suas orações pelas vítimas e pela recuperação dos sobreviventes”.

No passado Domingo, Bento XVI defendeu que o Vaticano ajudou os judeus, muitas vezes de forma “escondida e discreta”, durante a II Guerra Mundial. O Papa abordou em particular a questão da Shoah: “Como não recordar os judeus romanos que foram retirados das suas casas, diante destes muros, e com horrenda tortura foram mortos em Auschwitz? Como seria possível esquecer os seus rostos, os seus nomes, lágrimas, desespero de homens, mulheres e crianças?”

“Infelizmente, muitos foram indiferentes, todavia muitos, também entre os católicos italianos, sustentados pela fé e pelo ensinamento cristão, reagiram com coragem, abrindo os braços para socorrer os judeus perseguidos e fugitivos, muitas vezes arriscando a própria vida, e merecendo uma gratidão perene”, indicou.

Bento XVI deixou claro que “também a Sé Apostólica desenvolveu uma ação de socorro, muitas vezes escondida e discreta”. “A memória destes acontecimentos deve levar-nos a reforçar os laços que nos unem para que cresçam cada vez mais a compreensão, o respeito e o acolhimento”, assinalou.

A terceira visita do Papa a uma Sinagoga tinha como objectivo consolidar o diálogo e o respeito entre as duas comunidades, procurando ultrapassar as dificuldades que têm surgido neste relacionamento.

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