Cristãos abandonam Bagdad

As famílias cristãs tiveram de fugir de um bairro de Bagdad, no qual milicianos islâmicos impuseram a sahria, a lei islâmica. Centenas de famílias do bairro de Al-Dora, no sul da capital iraquiana, começaram a abandonar o local após a decisão de radicais xiitas, segundo revela a própria agência de notícias da ONU, IRIN. “Temos informações que mais de 300 famílias deixaram essa região nas últimas duas semanas, e que o número de famílias aumenta diariamente”, declarou Fatah Ahmed, vice-presidente da Associação de Ajuda ao Iraque. Segundo este responsável, os grupos armados são muito mais intransigentes com os cristãos, que são obrigados a converterem-se ao Islão ou a pagar “altos impostos”, para continuar a viver no bairro. Haki Salam, ex-habitante de Al-Dora, disse que a sua família abandonou a área devido à rigidez da lei islâmica que lhes foi imposta. Segundo ele, os homens devem deixar a barba crescer e as mulheres devem cobrir o rosto com um véu. Além disso, as mulheres estão proibidas de sair à rua sem a companhia dos seus maridos e as jovens fora proibidas de volta à escola. Por sua vez, um miliciano, que se identificou como Abu Husein, explicou que os grupos islâmicos impuseram a sharia para “impedir que o Islão seja desvirtuado”. Enquanto isso, a polícia assegura que pouco pode fazer para controlar a situação, com o reduzido número de agentes de que dispõe. Um cristão, cujo nome permanece no anonimato por motivos de segurança, revelou que o seu filho foi raptado por homens armados que pediram um resgate de 20 mil dólares. “Estou agora a vender a minha casa para pagar os resgate e já fui avisado de que depois de pagar teria de deixar a área com a minha família porque os cristãos não são bem-vindos”, disse.

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