Crise: Solução passa pela Europa

Especialistas deixam perspetivas sobre os desafios que Portugal tem de enfrentar no próximo ano

Lisboa, 23 out 2012 (Ecclesia) – O economista Joaquim Cadete, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), considera que a solução para a crise no país tem de ser conseguido no plano da Europa e exige um esforço que se vai prolongar durante vários anos.

“Importa dizer a verdade aos cidadãos de forma a não criar expectativas enganadoras em relação ao futuro imediato. Os desequilíbrios criados ao longo de várias décadas nunca poderão ser resolvidos sozinhos e num período de uma só legislatura política”, assinala o especialista, em texto publicado hoje no Semanário Agência ECCLESIA, cujo dossier é dedicado ao Orçamento de Estado (OE) para 2013.

Joaquim Cadete diz que a Europa vive “um processo de perda de competitividade em relação ao resto do mundo” e que a atual crise económica e financeira veio “relevar todas as debilidades inerentes ao sistema ocidental”.

“Qualquer solução para o problema nacional passará necessariamente pela Europa e que esta terá de atuar de forma consertada, sob pena de politicamente desaparecer face aos restantes blocos regionais em presença”, acrescenta.

O economista alerta para “alternativas populistas” e sublinha que s ausência de coesão social apenas “conduzirá a uma situação que não é do interesse da maioria da população”.

Já Acácio Catarino, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz, frisa que o Governo “não tem encontrado forma de atenuar os rigores da austeridade”.

Este responsável analisa as medidas previstas no OE, sob o título ‘emprego e mercado de trabalho’, afirmando que “várias iniciativas previstas noutros capítulos – com realce para a economia em geral e, em especial, para o desenvolvimento regional – podem favorecer o emprego, embora modestamente”.

“Tanto o Governo como as oposições continuam a apostar sobretudo em medidas que envolvem milhões de euros; vítimas da obsessão financeira, descuram o que se pode fazer com menos dinheiro, e menosprezam quem atua fora do reino dos milhões”, lamenta.

Miguel Oliveira Panão, investigador universitário, aborda, por sua vez, ‘o silencioso problema do crescimento demográfico’.

“Se não houver novas gerações que segurem socialmente o nosso futuro, pouco pode valer o esforço que hoje nos é exigido”, adverte.

Henrique Joaquim, presidente da direção da Comunidade Vida e Paz (Lisboa), fala num “crescente e assustador número de pessoas a viver reais situações de carência social, económica e até afetiva”.

“Hoje mais que nunca é tempo de mostrar qual é a nossa alma individual e coletiva”, assinala.

OC

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