Crise/Política: Igreja quer ser ouvida

Vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa admite preocupação e pede atenção aos mais pobres

Fátima, Santarém, 05 mai 2011 (Ecclesia) – O novo vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, considerou hoje que a Igreja Católica deve ser ouvida na definição das respostas para a crise social e económica do país, confessando-se “preocupado”.

“Estou preocupado com a situação em geral”, disse o bispo do Porto na conferência de imprensa conclusiva da assembleia plenária da CEP, que decorreu em Fátima desde segunda-feira.

Depois de afirmar que “a Igreja é de longe a maior instituição transversal da sociedade portuguesa”, o prelado sublinhou que muitas famílias se interrogam sobre “como vão chegar em termos económicos ao fim deste mês”.

No dia em que foram apresentados os termos do acordo de ajuda externa a Portugal pelos representantes do Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, o vice-presidente da CEP afirmou que “tudo o que privilegiar os mais fracos, é bom”.

O responsável disse não saber se alguma das instituições sociais da Igreja Católica foi ouvida pela ‘troika’, mas deixou a convicção de que é “muito bom que se oiçam, porque essas sim estão no terreno e diariamente”.

“Como costumo dizer, nós Igreja não estamos do lado dos cacos, estamos do lado da cola”, indicou, reforçando que “nenhuma instituição” desistiu.

“O melhor que tem Portugal é os portugueses”, indicou o bispo do Porto, sublinhando a generosidade a “toda à prova” da população neste momento de dificuldade.

Manuel Clemente indicou que a “própria gravidade da situação a que se chegou” irá levar a uma “evolução do sistema financeiro”, citando a “surpresa” pela “sensibilidade” demonstrada pelo FMI nas medidas propostas, para permitir algum crescimento.

Referindo-se às próximas eleições legislativas, de 5 de junho, o prelado deixou votos de que sejam apresentadas propostas e “exponham os seus programas”.

“O que está em causa somos nós, os portugueses”, indicou Manuel Clemente, apontando para a necessidade de responder “mais eficientemente” a uma “problemática da subsistência, da formação e educação das novas gerações, da qualificação e requalificação profissional” ou o “problema dos idosos”.

“O que se pede é que as forças políticas em presença definam estratégias para respondermos a esses objetivos comuns”, prosseguiu.

Um esforço que, segundo o bispo do Porto, deve implicar o resto da Europa, que convidou a recuperar o seu “fôlego inicial”.

“Se a Europa não se reencontrar nesta causa comum, está em causa”, alertou.

Sobre o anunciado Observatório Social da Igreja Católica, o bispo do Porto referiu que o mesmo vai ser desenvolvido em colaboração com especialistas da Universidade Católica Portuguesa, para se ter uma ideia “mais definida” do que se está a fazer, fornecendo “elementos quantitativos e qualitativos” e ajudando a ter “uma ideia muito mais certa do que acontece” no terreno.

A assembleia plenária que hoje se concluiu em Fátima ficou marcada pela eleição do cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, como novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

OC

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