Crise: Comissão dos Episcopados Católicos da Comunidade Europeia defende mais coesão e simplicidade de processos

Cardeal Reinhard Marx recorda Concílio Vaticano II, onde a Igreja criticou os «profetas da desgraça» e renovou a sua «linguagem» com o mundo

Bruxelas, 26 nov 2012 (Ecclesia) – O presidente da Comissão dos Episcopados Católicos da Comunidade Europeia (COMECE) defende que a retoma económica do Velho Continente depende de uma ação comunitária mais coesa e de uma gramática política mais acessível às populações.

Em declarações publicadas na página da organização na internet, o cardeal Reinhard Marx recorda que os 27 países que compõem atualmente a União Europeia aderiram a um projeto que tem como principais objetivos não só a preservação da “paz” mas também a “procura conjunta da felicidade e prosperidade”.

“Enraizar este espírito entre as pessoas e traçar um caminho novo deve ser a grande prioridade dos próximos anos”, aponta o arcebispo de Munique, que sublinha ainda a necessidade dos responsáveis políticos europeus adotarem uma linguagem mais compreensível, de modo a que as soluções propostas possa ter outro acolhimento do lado das pessoas.

“Pacto Euro Plus, fundo de resgate bancário, supercomissário e troika, com tantas abreviaturas e acrónimos, não admira que, em sentido figurado, as bancadas do estádio estejam desertas. Até os leigos mais interessados e os cardeais da Igreja Católica estão muitas vezes tentados a devolverem o seu bilhete de época”, enfatiza o presidente da COMECE.

Para o cardeal Reinhard Marx, de nada vale “encorajar os cidadãos da Europa a participarem no debate à volta das políticas de recuperação económica” se as “regras do jogo se mantiverem como estão, cada vez mais complicadas”.

O prelado alemão reforçou esta mensagem durante o encerramento da Assembleia Plenária de Outono da Comissão dos Episcopados Católicos da Comunidade Europeia, que decorreu entre 21 e 23 de novembro na capital belga e teve como tema “Os desafios da UE e o contributo dos cristãos”.

Aquele responsável comparou os tempos atuais com a conjuntura que a Europa atravessava na época do Concílio Vaticano II, há 50 anos atrás.

No seu “discurso de abertura do Concílio, a 11 de outubro de 1962, o Papa João XXIII” criticou aqueles que “só conseguiam ver naquela época prevaricação e ruina”, os “profetas da desgraça, que estavam sempre a prever o desastre, como se o fim do mundo estivesse ao virar da esquina”, lembrou D. Reinhard Marx.

O cardeal salientou ainda a preocupação dos padres conciliares em procurarem uma “nova linguagem que as pessoas pudessem entender” e que permitisse à Igreja “revitalizar a sua relação com o mundo”.

“Era a esta mudança que João XXIII se referia, quando falou num aggiornamento, e analogamente, é isto que a Europa precisa”, explicou o líder da COMECE.

Durante a sua intervenção, o prelado germânico estendeu a sua reflexão sobre o Concílio Vaticano II e a realidade atual à dimensão da liberdade.

Tal como os responsáveis hierárquicos da Igreja se declararam há 50 anos “a favor da liberdade religiosa”, há hoje uma “liberdade continental” a conseguir, a nível económico, social e cultural, concluiu.

JCP

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