Crise alimentar: Vaticano lamenta falta de vontade política

O director dos serviços de informação do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, lamentou a “falta de vontade política” para resolver a crise alimentar mundial, numa reflexão sobre o “vertiginoso” aumento dos preços de cereais. No editorial do último número de “Octava Dies”, programa do Centro Televisivo Vaticano, o Pe. Lombardi considera que espectro da fome devido ao crescimento dos preços dos alimentos deve “interpelar as consciências”, pois não se deve à falta de capacidade de produção alimentar. Este responsável lembra que já no ano 2000 “a maior cimeira de chefes de Estado da história proclamou solenemente a ‘Declaração do Milénio’, que enunciava os objectivos mais urgentes para o bem da humanidade a serem alcançados até 2015”. O primeiro era reduzir para metade a pobreza extrema e a fome. Mas o Pe. Lombardi recorda que se passaram quase oito anos e, agora, “estamos diante de uma crise alimentar gravíssima em muitos países por causa do aumento dos preços dos cereais”. O porta-voz do Vaticano sublinha que o número de pessoas com fome e desnutridas está de novo a crescer rapidamente, numa crise que não parece “ser passageira”. Citando estudos de especialistas, o Pe. Lombardi menciona três causas para este fenómeno: “A distorção no mercado, provocada por subsídios à agricultura dos países ricos; a nova produção de biocombustíveis; o maior consumo de carnes em grandes países como a China e a Índia, de forma que boa parte da produção agrícola já não se destina directamente aos cereais para a alimentação humana”. Segundo este responsável, “o que falta no mundo não é comida ou a capacidade para produzi-la, mas a vontade para resolver o problema mais grave que aflige a humanidade”. O Pe. Lombardi aponta agulhas para a Cimeira para a segurança alimentar da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que decorrerá em Junho. “É outra oportunidade que não podemos deixar passar”, conclui.

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