Crianças: Donativos do estrangeiro que chegam à Cáritas destinam-se a problemas «antigos e prevalentes»

Áustria oferece «quantia substancial» e lançou campanha de recolha de fundos

Lisboa, 24 jan 2013 (Ecclesia) – Os donativos do estrangeiro que a Cáritas Portuguesa está a receber para as crianças desfavorecidas destinam-se a resolver os problemas “muito antigos e prevalentes” que as afetam, revelou uma responsável da instituição católica.

“Onde há pobreza a criança é quem mais sofre” porque depende totalmente da família ou de quem a substitui, explicou Maria João Ataíde à Agência ECCLESIA, acrescentando que “o número” e o “tipo de privação” aumentam com as dificuldades económicas e que os donativos ainda são insuficientes para as necessidades.

Hoje é assinado em Lisboa um acordo que regulamenta os termos pelos quais a Cáritas da Áustria vai dar “uma quantia substancial para apoiar as crianças portuguesas que passam por privações devido à crise”, referiu a responsável.

Paralelamente a Áustria lançou uma campanha de recolha de fundos, dirigida a crianças do seu país, para socorrer a infância carenciada em Portugal, adiantou Maria João Ataíde.

O país do centro da Europa “recorda regularmente” que quando foi anexado, durante a II Guerra Mundial (1939-1945), 5500 crianças austríacas foram acolhidas por famílias portuguesas para ficarem em segurança.

“Foi uma ação muito solidária por parte de Portugal, sobretudo no aspeto humano, que transcende em muito o dinheiro”, salientou a dirigente, acrescentando que as iniciativas de solidariedade retribuem a ajuda prestada durante o conflito.

Maria João Ataíde afirmou que a “Alemanha também já se mobilizou”, através dos emigrantes lusos, para assistir as crianças portuguesas, “mas nada que se compare com a iniciativa austríaca”.

O projeto ‘Prioridade às Crianças’ “está a mobilizar a generosidade e o empenho de muita gente” em Portugal e no estrangeiro mas “não há verbas e esforços que cheguem” para as necessidades, salienta.

O programa, criado em 2008 pela Conferência Episcopal Portuguesa, tinha como um dos seus objetivos o estudo de questões como a falta de recursos financeiros por parte das famílias, os maus-tratos, o abandono e a negligência.

Com a crise o projeto “tomou um caminho que não estava previsto” mas que é agora essencial para atender as carências de alimentação, saúde, frequência de creches e jardins de infância e, em geral, “tudo aquilo que requer dinheiro”, assinalou.

A “proximidade inestimável” proporcionada pela rede da Cáritas contribui para que a instituição consiga chegar “à criança mais isolada, na aldeia mais distante”, frisou Maria João Ataíde.

PTE/RJM/OC

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