Covid-19: Presidente da Cáritas pede «plano de contingência social» (c/vídeo)

Eugénio Fonseca teme aumento da pobreza e apela à presença das comunidades católicas junto de quem mais precisa

Lisboa, 27 mar 2020 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa disse à Agência ECCLESIA que é “urgente” criar um “plano de contingência social”, para enfrentar as consequências económicas e de saúde da atual pandemia da Covid-19 no país.

Eugénio Fonseca dá como exemplo a situação dos que “viviam do seu trabalho e, repentinamente, ficaram sem ele”, de trabalhadores precários, da restauração ou agricultores, afetados pela quebra da atividade económica, face ao estado de emergência.

Para o responsável da organização católica de solidariedade, as medidas já anunciadas pelo Governo “não podem demorar” nem ser travadas pela “burocracia”.

Ajudas aos arrendamentos, alimentação, saúde ou ocupação social das pessoas desempregadas são prioridades apontadas.

O presidente da Cáritas assume ainda as dificuldades criadas pelo adiamento do peditório público durante a Semana Nacional, neste mês.

“Sem estas ajudas dos peditórios e ofertórios, tudo se complica para a Cáritas”, explica, a respeito desta iniciativa anual.

A Cáritas Portuguesa continua a recolher donativos através de uma plataforma online e espera que algumas empresas “possam dar sinais de partilha de meios financeiros”

“Estamos numa encruzilhada, temos de ser muito criativos”, aponta Eugénio Fonseca.

O responsável destaca que é necessário dar resposta aos “grupos vulneráveis” que já existiam e a todos aqueles que estão a ficar isolados e em dificuldades.

“A recomendação que fizemos às Cáritas diocesanas é que a sua ação seja uma ação sempre em parceira”, particularmente com as Juntas de Freguesia e os Centros de Saúde.

Neste sentido, já houve uma reunião com a DGS, para afinar estas parcerias, obtendo indicações de “pessoas que estão isolados ou adoeceram”.

“Pode-se saber onde estão as pessoas, para serem ajudadas”, precisa o entrevistado.

Eugénio Fonseca pede a quem se prontifica a ajudar “das regras que tem de cumprir e não abdique delas”.

Nas próximas semanas, vai ser entregue às Cáritas diocesanas material de proteção, “fundamental” nesta altura, com o apoio da Cáritas de Macau, incluindo 30 mil máscaras, luvas, fatos e desinfetantes.

A organização católica procura ainda criar uma “bolsa de psicólogos e psicólogas” para ajudar a responder às preocupações de tantas pessoas.

“Nas circunstâncias que estamos a viver, temos de ser por todos”, acrescenta.

A nível internacional, Eugénio Fonseca diz que “esta é a hora de a Europa fazer a sua profissão de fé naquilo que esteve na origem da União Europeia”.

“Temos uma Europa a três velocidades”, lamentou.

Para o responsável, não se pode repetir o que se viu na crise económica do início da década, em que “a solidariedade foi praticamente inexistente”.

O presidente da Cáritas Portuguesa diz mesmo que a União Europeia pode estar “a prazo”, se falhar na resposta a esta crise.

Eugénio Fonseca manifesta ainda receios com o impacto que a pandemia pode ter nos PALOP e nos campos de refugiados, falando em “virose social”.

“Vai atingir países que já estão muito fragilizados pelas situações de conflito que neles se geraram”, admite.

Em Portugal estão registadas 76 mortes e 4268 infeções pelo novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.

HM/OC

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