Covid-19: Páscoa dos emigrantes no Luxemburgo vivida na «fidelidade» a tradições de Portugal (c/vídeo)

Padre Rui Pedro, na Missão Católica de Língua Portuguesa, traça a realidade vivida neste tempo pascal em isolamento

Lisboa, 14 abr 2020 (Ecclesia) – O responsável pela Missão Católica de Língua Portuguesa do Sul do Luxemburgo disse à Agência ECCLESIA que os emigrantes celebraram a Páscoa em isolamento social, sem visitar as terras de origem e na “fidelidade” a tradições pascaisde Portugal.

“Vemos mais uma vez a grande ousadia dos nossos emigrantes, que mostram a sua fidelidade à sua fé e não têm vergonha em mostrar que são cristãos! E este ano houve uma multiplicação de cruzes, de diferentes materiais e diferentes cores, uma autêntica beleza”, disse à Agência ECCLESIA Padre Rui Pedro.

Devido à pandemia Covid-19 os emigrantes portugueses viram-se impedidos de passar a época da Páscoa em Portugal, onde “muitos são mordomos e ajudam nas tradições pascais”, lembrou o sacerdote scalabriniano e é o responsável pela Missão Católica de Língua Portuguesa do Sul do Luxemburgo, com sede em Esch-sur-Alzette.

“Este isolamento social em tempo de Quaresma, tempo de vivacidade com muitas celebrações, pegou-nos em intensa atividade, importante para as pessoas. Aqui grande parte das pessoas que pertencem a esta comunidade são do norte de Portugal e, por exemplo, este ano todos colocavam imagens do compasso pascal nas redes sociais”, refere.

Um tempo de Páscoa diferente para todos onde esta comunidade do sul do Luxemburgo conta com 400 crianças na catequese, viveram uma “interrupção muito brusca” e os catequistas tentam “através das redes sociais manter contacto com os pais”, com novas propostas.

“Penso que, se no Natal se fazia o presépio, agora talvez vamos fazer com as crianças o calvário, um hábito que não tínhamos”, aponta o religioso.

O padre Rui Pedro falou ainda da realidade das pessoas que vivem mais isoladas, e que a “intensificação de contactos por email e pelo telefone” se foi concretizando.

“Vivemos sempre em comunhão com todos; a Igreja continua aberta mas sem celebrações;  tínhamos um grupo de missa diária e vão às igrejas que estão abertas e temos colocado uma mesa com livros para as pessoas levar e se possam cultivar na fé”, conta.

Também as transmissões através da televisão portuguesa foram importantes para esta comunidade “que conseguiu parar para participar, sentar no sofá ou na cadeira e acompanhar a missa”.

“Neste tríduo pascal acompanharam as celebrações onde se percebeu uma grande intenção de dar beleza às celebrações, foram muito sentidas e multiplicadas nas redes sociais pelos nossos emigrantes”, destacou.

O sacerdote da Congregação Missionária de São Carlos adiantou ainda que o tempo de isolamento tem sido desafiante e uma descoberta para a própria comunidade que assumiu três atitudes: a comunhão, através das partilhas em redes sociais, a comunicação, na intensificação de envio de emails e contactos telefónicos e ainda a oração. 

“Aqui na comunidade somos quatro sacerdotes, que estamos a celebrar sem o povo. Saibam que estamos em oração e rezamos por eles, pelas famílias e os filhos, se já a realidade dos emigrantes é as famílias estarem separadas, agora aqui aumentou a separação”, constatou.

O padre Rui Pedro acrescentou ainda que tem sido um “momento desafiante” para a comunidade de religiosos, com “tempos de oração mais sossegado”, trazendo para as “celebrações as intenções que são enviadas por email”.

SN/PR

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