Covid-19: Pandemia ensinou comunidades a ter «predisposição para a mudança», diz padre Amaro Gonçalo (c/fotos)

Pároco de Nossa Senhora da Hora, na Diocese do Porto, destaca «novas possibilidades de celebração da fé»

Porto, 11 nov 2020 (Ecclesia) – O pároco de Nossa Senhora da Hora, na Diocese do Porto, disse à Agência ECCLESIA que as alterações provocadas pela pandemia ajudaram as comunidades católicas a ter “predisposição para a mudança”, destacando “novas possibilidades de celebração da fé”.

O padre Amaro Gonçalo falava a respeito das alterações provocadas pelo novo estado de emergência, em vigor desde segunda-feira, que incluem a proibição de circular na via pública, nos dias 14-15 e 21-22 de novembro, das 13h00 às 05h00, em121 concelhos que constam da lista das autoridades governamentais, com altos níveis de contágios.

O responsável admite que esta decisão veio modificar as dinâmicas pastorais e na paróquia de Nossa Senhora da Hora (Município de Matosinhos) obrigou “a algumas alterações”.

Estas novidades acabam por criar nas comunidades “uma maior predisposição para a mudança, uma maior abertura a novas possibilidades de celebração da fé e de vivência do Dia do Senhor”.

Depois da experiência do confinamento, “suspender uma Missa, alterar um horário, antecipar ou protelar uma celebração, de um dia para outro dia ou de um horário para outro, ou de um tipo de celebração para outro é cada vez mais pacífico, é muito menos problemático”, refere ainda.

O padre Amaro Gonçalo fala num momento de “ensaio para novos tempos”, defendendo a valorização “da Igreja doméstica, sem domesticar ou confinar a realidade eclesial e a celebração da fé ao espaço “caseiro” da família”.

O pároco de Nossa Senhora da Hora acredita que “os ritmos e hábitos dos fiéis estão a ser reconfigurados, de modo que o encontro presencial na vida e nas celebrações da comunidade paroquial tenderá a ser menos frequente, mas mais intensamente vivido, sempre que se proporcionar”.

A catequese presencial (que já era mensal e para grupos de dois anos, em cada fim de semana) teve agora de passar completamente para as plataformas digitais, “experiência aliás já consolidada na maior parte dos grupos de catequese e demais grupos pastorais, desde o início da pandemia”.

Em relação às celebrações eucarísticas, a paróquia portuense suspende as Missas vespertinas (no sábado e domingo à tarde e à noite), “antecipando uma delas para a manhã de sábado e prolongando a celebração do domingo até à tarde de segunda-feira”.

Como alternativa para quem “não puder participar presencialmente”, o padre Amaro Gonçalo aconselha a uma celebração “em casa, uma liturgia familiar, que é uma espécie de Liturgia da Palavra breve, inspirada na celebração eucarística dominical”.

“Preferimos, aliás, esta opção de realização de uma Liturgia familiar, em contexto doméstico, à de ‘acompanhar’ a transmissão da celebração da Eucaristia, pela página do Facebook ou pelo canal Youtube da Paróquia”, refere o sacerdote da Diocese do Porto.

Para o pároco, é necessário que se evite a ideia de que bastaria “o acompanhamento familiar e a participação por via telemática das celebrações eucarísticas”.

“É preciso que as famílias se redescubram e se ativem, como Igrejas domésticas, deixando que os pais se assumam como verdadeiros ‘ministros do culto” e guias da celebração, segundo a sua condição batismal e matrimonial”, precisa.

Nos dias 14-15 e 21-22 de novembro, a Paróquia de Nossa Senhora da Hora vai dispor “não apenas do texto para a liturgia familiar”, como também de um vídeo, feito em família, e divulgado nas redes sociais, para estimular e ajudar as famílias a “treinarem-se” neste exercício de liturgia familiar”, adianta o responsável.

“O vírus também serve para testar o quilate da nossa fé”, conclui o padre Amaro Gonçalo.

LFS/OC

 

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Agência ECCLESIA

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