Covid-19: Grupo da paróquia de Cascais «reinventa soluções» em tempo de crise

«Amigos à mão» fazem compras aos idosos e dão acompanhamento psicológico

Lisboa, 27 mar 2020 (Ecclesia) – O grupo de voluntários «Amigos à mão» da Paróquia de Cascais, Patriarcado de Lisboa, quer fazer a diferença na vida dos idosos mais sós e “reiventa soluções” neste tempo de isolamento social.

“O grupo já existe desde 2010, e perante várias situações, como foram os incêndios em 2017, por exemplo, reinventa soluções para dar uma ajuda mais específica e facilitar a vida”, explica à Agência ECCLESIA Rita Carvalho, membro deste grupo de voluntários.

O grupo informal “Amigos à mão” quer possibilitar que “os mais idosos e grupos de risco” não tenham de sair de casa e têm voluntários para “fazer compras quer no supermercado quer nas farmácias”.

“Os pedidos chegam por telefone ou email e temos, por exemplo, voluntários ligados aos escuteiros mais velhos disponíveis para avançar”, refere.

O grupo, que trabalha em parceria com as instituições sociais do concelho, sentiu agora a dificuldade de, perante a “porta da Igreja fechada” não consegue chegar aos paroquianos.

Há a dificuldade de dar a conhecer este serviço, pelo isolamento, a porta da Igreja está fechada, divulgamos nas redes sociais mas para chegar a estas pessoas mais idosas distribuímos pequenos panfletos nas farmácias e supermercados no centro”.

Rita Carvalho revela que vão “chegar a muitas pessoas que não são da comunidade paroquial” e os pedidos já vão chegando e sendo concretizados como “as compras a um senhor de 82 anos esta quinta-feira”. 

O serviço pode ser pedido através de email ou pelo número 967055211, outro serviço que este grupo organizou é o acompanhamento psicológico, através de uma psicoterapeuta e duas psicólogas.

“Um serviço que funciona online, inscrevem-se por telefone ou email e depois as pessoas são encaminhadas para umas destas profissionais; um serviço gratuito que vamos prestar nesta fase mais crítica que ainda ninguém percebeu quanto tempo vai durar”, aponta a entrevistada.

Além disso há ainda a possibilidade de falar com alguém através do telefone, um grupo de voluntários “que seguem um guião feito por uma psicóloga” para quebrar o isolamento, fazer companhia e, eventualmente nesta fase, fazer “despiste e sinalizar situações problemáticas”.

Rita Carvalho partilha também que integrar este grupo é uma forma de “atravessar o isolamento social”, estando sempre ao serviço da paróquia e que é concretizado mesmo “em família, estando disponíveis para ajudar e não ficando tão fechados”.

O pároco de Cascais, padre Nuno Coelho, tem acompanhado todo o trabalho do grupo “Amigos à mão”, desde que chegou à paróquia e sente que agora “ainda faz mais sentido com as novas necessidades que este tempo traz”.

“Eu próprio já participei, sendo chamado ao que ao sacerdote compete, como o atendimento ou a confissão mas ainda fui convocado a visitar alguns doentes em lares, antes de haver o estado de emergência, chamado por vários doentes e famílias para visitar, com todos os cuidados e precauções, afinal o padre é o rosto da confiança e eu procuro fazer a minha parte”, disse à Agência ECCLESIA.

O sacerdote partilhou a dificuldade de celebrar a Eucaristia “com a Igreja vazia”, que tem sido transmitida online através do Facebook da paróquia, mas que sabe que “chega a sítios que nunca imaginou”.

A vida da Igreja é assembleia reunida e convocada e, de repente, estamos sem nos ver, ouvir e tocar, é dificil mas, transmitir a missa é espetacular, chega a pessoas e sítios que nunca chegaria”.

O padre Nuno Coelho partilhou mesmo um exemplo que aconteceu na primeira transmissão.

“Tenho um paroquiano com Esclerose Lateral Amiotrófica que já não vem à Missa aqui na comunidade e foi ele que colocou o primeiro gosto na transmissão  online; o último gosto foi uma irmã sua, que vive em Moçambique, foi uma união de família que ali senti”, resume.

SN

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