Covid-19: Fundação Fé e Cooperação afirma que «é mesmo urgente» o perdão da dívida aos «países mais vulneráveis»

Susana Réfega explica que pandemia «não impede» organização católica de «apoiar os parceiros» e as populações

Foto FEC

Lisboa, 17 abr 2020 (Ecclesia) – A diretora-executiva da Fundação Fé e Cooperação (FEC) explicou que a pandemia Covid-19 exigiu “uma adaptação” no trabalho, que “não impede de apoiar os parceiros”, e afirmou que “é muitíssimo importante” perdoar a dívida dos países mais vulneráveis.

“Se num contexto de normalidade essa é uma questão muito dramática, em muitos países, neste contexto é mesmo urgente o perdão da dívida”, disse hoje Susana Réfega à Agência ECCLESIA.

A diretora-executiva da FEC explicou que existe um “grande movimento internacional da sociedade civil”, com o empenho de muitas organizações não-governamentais (ONG) portuguesas.

Atualmente, a Fundação Fé e Cooperação desenvolve a sua missão em Portugal, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.

Susana Réfega salientou que se nos países mais vulneráveis “uma grande parte do orçamento” vai para pagar divida, pelo que “depois não pode ser utilizado para apoiar os mais pobres”.

Segundo a diretora-executiva da FEC, “desde o princípio”, que foi “sempre claro” que o trabalho da ONGD “era mais abrangente e social” no âmbito da Covid-1,9 porque, muitas vezes, “a consequência económica chega mais rapidamente do que está a chegar a pandemia”.

“Os países onde trabalhamos adotaram também Estados de Emergência bastante restritivos na circulação, nos ajuntamentos, mas como são países que têm economia muito informal isso tem impacto rápido na vida das pessoas. As questões sociais e económicas manifestam-se rapidamente”, desenvolveu.

Susana Réfega adianta que pode haver necessidade de “recanalizar algumas atividades para a distribuição de alimentos”, no trabalho que fazem com a Cáritas no sul da Angola, “embora sejam projetos de desenvolvimento rural” ou “recanalizar trabalho muito ligado a negócios, ao empreendedorismo, para atividades que tenham adequação o contexto atual”.

Há uma primeira resposta de sensibilização e informação, os nossos parceiros às vezes trabalham em contexto onde a informação pode não chegar, sobretudo rurais; em contextos urbanos a informação chega, a questão é ser a correta”.

Susana Réfega considera que a FEC é “sinal de esperança permanecendo com os parceiros”.

Das equipas nos Países de Língua Oficial Portuguesa, “algumas regressaram a Portugal mas não regressaram todos” e continuam a ter colaboradores naturais desses países,  “trabalhando ainda mais de perto com os parceiros” e ajudando na elaboração dos planos de contingência enquanto organizações, como em Angola e Moçambique.

“E tendo um olhar que vai para além do imediato, que o Papa também nos tem ajudado a conduzir: não termos medo do que estamos a viver, que é duro, e não escamotear, mas conseguirmos ter um olhar para além deste momento presente que tem ajudado a manter o ânimo, a motivação”, desenvolveu a entrevistada, explicando que esta crise pode ser  “uma oportunidade para pensar a sociedade, os modelos de consumo”.

Em Portugal, a ONG para o Desenvolvimento tem um trabalho junto de escolas e jovens onde falam de alterações climáticas ou violência no namoro e estão a ver como podem “recrear o que estava previsto noutra modalidade, possibilidades online”.

A Fundação Fé e Cooperação comemorou 30 anos de existência no dia 13 de março; foi fundada em 1990 pela Conferência Episcopal Portuguesa, pela Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e Federação Nacional dos Institutos Religiosos (FNIS).

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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