Sacerdote Jesuíta destaca atual oportunidade de «reconhecer no silêncio a possibilidade de construir o futuro»
Lisboa, 21 mar 2020 (Ecclesia) – O diretor-geral da ‘Brotéria’, centro cultural dos Jesuítas em Lisboa, refletiu sobre como será viver a Páscoa nas atuais “circunstâncias excecionais”, destacando o silêncio desta Quaresma “particularmente desafiadora”, devido à pandemia do Covid-19.
“É mais fácil viver em isolamento a Quaresma do que será viver a Páscoa. O desafio que temos para este ano é viver uma Quaresma que nos prepare para a Páscoa, sendo que será provavelmente vivida em condições muito diferentes das habituais”, disse o padre Francisco Mota, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Neste contexto, de isolamento social que as pessoas estão a viver na atual Quaresma, o diretor-geral da ‘Brotéria’ considera importante perceber “a possibilidade de viver nestas circunstâncias excecionais a Páscoa”, este ano no dia 12 de abril.
“Como Igreja, como comunidade de fé, preparamo-nos juntos durante estas semanas é muito importante”, realçou.
O padre Francisco Mota, no contexto dos aplausos aos profissionais de saúde no sábado passado, revela que já imagina “o domingo de Páscoa de janela aberta”, a comunicar essa alegria pascal da forma que puderem.
“Nós procuraremos encontrar na ‘Brotéria’, enquanto comunidade Jesuíta, alguma maneira de assinalar este tempo”, assegurou.
No dia 13 de março, a Conferência Episcopal Portuguesa determinou a suspensão da celebração comunitária das Missas, até “ser superada atual situação de emergência”, e para o entrevistado tem sido “impressionante ver a criatividade da Igreja” e o desejo que tem tido de “se manter viva, desperta, próxima”, por isso, sublinha que há “um desafio muito grande para viver a Páscoa” porque não vão estar próximos daqueles que os vão procurar “no limite da sua força”.
“Por força das circunstâncias deixamos de estar próximos de todos os que perderam a força, dos que estão sozinhos, de todos os que vêm às nossas igrejas bater à porta, a dizer preciso de ajuda, preciso de entusiasmo, de alguém que me ouça, que esteja sentado ao pé de mim e teremos de descobrir maneira de estar próximos outras vez em tempo de Pascoa”, desenvolveu.
Segundo o padre Francisco Mota, a “dimensão sacramental da proximidade” faz “muita falta” às comunidades, ao fortalecimento da vida de fé”, e “muito diferente” da sacramentalidade litúrgica, porque levam “a presença de Deus, que acolhe, até junto daqueles que estão mais cansados, mais desiludidos, mais sem força”.
Sobre o tempo da Quaresma atual, de isolamento e maior silêncio, o sacerdote da Companhia de Jesus afirma que “reconhecer no silêncio a possibilidade de construir o futuro” é o desafio.
“O silêncio se for assumido como tempo de construção pode-nos fazer viver com uma profundidade todos estes eventos do dia-a-dia que não é sempre comum”, desenvolveu.
Na entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Francisco Mota observou que a Quaresma 2020 “é muito particular”, pela situação originada pelo coronavírus Covid-19, e explicou a nova programação do centro cultural ‘Brotéria’ que se centra agora na internet.
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