Covid-19: Comunhão na mão é «boa prática», determinada pelo «bom senso», diz médico (c/vídeo)

Rui Portugal diz que orientação da Conferência Episcopal visa reduzir risco que existe «sempre»

Lisboa, 28 mai 2020 (Ecclesia) – O médico Rui Portugal, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, disse à Agência ECCLESIA que a indicação para ministrar a Comunhão na mão, nas celebrações comunitárias, é uma “boa prática” marcada pelo “bom senso”, em tempos de pandemia.

“Não há prova científica, mas está relacionada com o bom senso e a boa prática. O bom senso diz o seguinte: se eu sei que a transmissão é por via aérea, se eu estiver a dar a comunhão, eu tenho sempre um risco de ser contaminado neste momento. Mesmo que a pessoa não pronuncie o ‘Amen’, após a administração”, refere, numa entrevista transmitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

Nas Orientações da Conferência Episcopal Portuguesa para a celebração do Culto público católico, no contexto da pandemia de Covid-19, publicadas a 8 de maio, os bispos pedem que, na receção da Comunhão, se observem as normas de segurança e de saúde, “nomeadamente em relação ao distanciamento físico entre os comungantes e à higienização das mãos”.

O ponto 27 retoma as indicações deixadas no início de março: “Continua a não se ministrar a comunhão na boca e pelo cálice. Eventuais concelebrantes e diáconos comungam do cálice por intinção”.

Para Rui Portugal, seria oportunidade “haver alguém que oriente as pessoas” e evite cruzamentos de pessoas, nas filas, colocando as pessoas com mobilidade reduzida num lugar mais próximo do altar, para que o ministro possa ir ter com elas.

“Têm de ser encontradas as diferentes soluções”, observa.

Esta quarta-feira, mais de 500 católicos portugueses, entre leigos e sacerdotes, dirigiram um apelo à Conferência Episcopal Portuguesa para revogar a “proibição de os fiéis receberem a Comunhão na boca”, por causa da pandemia de Covid-19.

A Instrução ‘Redemptionis Sacramentum’ (25 de março de 2004), da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos determina que “todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na língua”.

O apelo aos bispos é acompanhado por dois pareceres médicos, que descartam os riscos de contágio na Comunhão na boca, e um parecer teológico, disponíveis online.

Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, os subscritores defendem, no entanto, que os “fiéis católicos portugueses se recusem a comungar na mão”, sustentando que essa prática implica “um perigo”.

A atual disciplina da Igreja Católica prevê a Comunhão na mão como uma prática legítima.

A Instrução Geral do Missal Romano assinala que os fiéis “comungam de joelhos ou de pé, segundo a determinação da Conferência Episcopal”.

Este texto foi citado pelo Papa Francisco numa catequese semanal, em março de 2018, sobre a Comunhão.

“De acordo com a prática eclesial o fiel aproxima-se normalmente da Eucaristia, em forma processional, e comunga em pé com devoção, ou de joelhos, como estabelecido pela Conferência Episcopal, recebendo o sacramento na boca ou, onde é permitido, na mão, como preferir”, disse.

OC

Notícia atualizada às 21h50

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