Cáritas de Aveiro tem «menos casos de violência doméstica encaminhados pelo tribunal», mas «novos casos de emergência»
Aveiro, 05 mai 2020 (Ecclesia) – O Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, da Cáritas de Aveiro, referiu à Agência ECCLESIA, que tem tido “menos casos encaminhados pelo tribunal”, mas surgem “novos casos de violência pela linha de emergência”.
“Este núcleo de atendimento é distrital e a nossa equipa faz assessoria aos tribunais no âmbito de crimes de violência doméstica e crimes sexuais, temos tido menos casos encaminhados por parte do tribunal, as queixas formalizadas têm sido menos devido ao confinamento, mas surgem casos novos, encaminhados pela Polícia ou GNR ou até pelas vítimas que conseguiram os nossos contactos”, precisa a técnica Patrícia Pinho.
Pertencente a esta equipa de quatro técnicas, do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, que existe desde 2008, Patrícia Pinho explicou ainda que os novos casos que lhes chegaram “já tinham um histórico de violência”, não se tratando de episódios únicos e na maioria “violência entre casais, seja em relações conjugais, casamento, união de facto ou ex companheiros”.
A maior parte dos casos não são de agora, já havia um histórico, algumas situações que se agravaram com o estado de emergência e o confinamento, estarem todos em casa, e os casos foram-se agravando”.
Este Núcleo da Cáritas diocesana de Aveiro, devido ao confinamento social, tem apostado no “apoio pelo telefone e usado as plataformas online, com algumas pessoas que têm essa possibilidade”.
Patrícia Pinho desvendou ainda que além do atendimento a instituição abriu portas de duas casas abrigo.
“Iniciaram pouco antes do estado de emergência, e tiveram de tomar todas as medidas de prevenção, abrimos uma casa abrigo para homens vítimas de violência doméstica e uma estrutura de emergência para mulheres, sendo que esta se encontra cheia”, afirma.
Emília Lima é psicóloga da casa abrigo para vítimas de violência doméstica, do Centro Social e Paroquial da Vera-Cruz, na Diocese de Aveiro, e, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, afirma que, “só esta semana tem havido fluxo regular” de pedidos.
Na nossa casa de abrigo verificámos alguma diminuição das solicitações de acolhimento durante o período de confinamento, as quais são obrigatoriamente veiculadas pelos serviços de primeira linha, e, na presente semana, estamos já a verificar o ressurgimento do fluxo regular das solicitações de acolhimento”.
Esta casa abrigo, membro da Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica, “manteve sempre o seu funcionamento”, num plano de contingência, teve “alguns apoios para aquisição de equipamentos de proteção e alguns bens de consumo” e divulgou através das redes sociais as “novas medidas de apoio a vítimas”.
“Nesta altura da pandemia consideramos que no nosso país, ainda é cedo para se conhecerem os verdadeiros impactos deste confinamento familiar, nas questões da violência doméstica”, assume a psicóloga.
O Papa Francisco referiu-se esta segunda-feira às situações de violência doméstica em situação de confinamento.
SN