Covid-19: Bispo do Porto fala em «dever ético» de travar propagação, com indicações específicas para paróquias de Lousada e Felgueiras

D. Manuel Linda apresenta regras para celebrações litúrgicas, catequese e visitas a idosos

Foto: Lusa.
Instalação de um hospital de campanha (tendas amarelas) no exterior do Hospital São João, no Porto

Porto, 09 mar 2020 (Ecclesia) – O bispo do Porto, região do país mais afetada pela difusão do novo coronavírus, disse hoje que há o “dever ético” de travar a propagação do Covid-19, com regras provisórias para celebrações litúrgicas, catequese e visitas a idosos.

“Tranquilizem-se os fiéis, de forma a evitar situações de pânico, mostrando-lhes que, não obstante o perigo efetivo que este vírus representa, não é comparável às terríveis pestes e pneumónicas que conhecemos da história”, indicou D. Manuel Linda, numa nota episcopal divulgada hoje.

O documento sublinha que a maioria das pessoas que foram infetadas com o coronavírus “parecem originárias da área desta Diocese do Porto” ou territórios próximos, pelo que vários sacerdotes pediram conselhos a respeito das “medidas profiláticas” a adotar.

O bispo do Porto apresenta algumas “regras provisórias”, relativas às celebrações litúrgicas e à catequese, as quais pede que sejam “levadas muito a sério”.

Em primeiro lugar, seguindo as recomendações da Conferência Episcopal, D. Manuel Linda propõe medidas reforçadas de higiene, a Comunhão na mão, que se evite o gesto da paz, o uso da água nas pias de água benta e beijos ou outros gestos de contacto físico com imagens.

“Tomadas estas precauções, as celebrações litúrgicas, mormente a Missa, sacramentos e funerais, para já, decorrerão na forma habitua”, acrescenta.

Se as circunstâncias não se alterarem, na adoração da cruz, na Sexta feira Santa, e no tradicional ‘Compasso’ ou ‘Visita Pascal’, evitar-se-ão os beijos e far-se-á reverência à cruz com uma profunda inclinação ou mesmo com a genuflexão”.

Em relação à catequese, o bispo do Porto entende que se justifica o encerramento, se as escolas locais fecharem, e apenas neste caso.

“Quanto às estruturas eclesiais de apoio à infância (berçários, creches, etc.), mantenha-se contacto permanente com os delegados de Saúde locais e comprometam-se estes nas decisões a tomar”, sublinha.

D. Manuel Linda pede que se siga a recomendação governamental de anular as visitas nas estruturas dirigidas a idosos (lares, centros de dia, unidades de cuidados continuados, etc.), “com exceção dos casos em que comprovadamente se justifiquem”.

A mesma regra é aplicada aos idosos que vivem em suas casas, relativamente a visitadores de doentes, ministros extraordinários da Comunhão, Conferências Vicentinas e outros: “Reduzam-se ao mínimo indispensável e, para o contacto com eles, use-se o telefone”.

O documento assinala ainda que as confissões quaresmais podem passar para o tempo pascal ou outra altura do ano, mas sublinha que, “tomadas as devidas precauções  -se o penitente e confessor se mantiverem a mais de um metro de distância – jamais se negará a confissão a quem a pedir”.

O bispo do Porto exclui a possibilidade de recorrer a “absolvições coletivas”, por entender que “as pessoas cumprirão oportunamente o mandamento da Igreja de confessar-se ao menos uma vez cada ano”.

“Rezemos a Deus, Pai providente, para que afaste de nós as doenças e nos conceda o dom da saúde e da tranquilidade”, conclui D. Manuel Linda.

Foto João Lopes Cardoso/Diocese do Porto, D. Manuel Linda

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou o encerramento de todas as escolas e a suspensão de atividades em todos os estabelecimentos de lazer ou culturais dos concelhos de Lousada e Felgueiras, no Distrito do Porto.

D. Manuel Linda determina que nas Vigararias (conjunto de paróquias) de Lousada e Felgueiras se suspendam todas as Missas e devoções populares até ao meio dia do próximo sábado,  acompanhando o evoluir da situação nos próximos dias; o responsável católico deixa ainda indicações para a administração dos outros sacramentos e funerais, pedindo que se limite o número de participantes.

“Embora a transmissão televisiva nunca supra a presença na comunidade orante que participa na Eucaristia, enquanto se mantiver este perigo da saúde pública, aconselho os fiéis das Vigararias de Lousada e Felgueiras que assistam à transmissão da Missa dominical, com todo o respeito e atenção, manifestando, assim, plena comunhão com a Igreja que celebra o memorial do Domingo e a sua ‘Páscoa semanal’ neste Dia do Senhor”, escreve ainda.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou cerca de 3800 mortos entre mais de 109 mil pessoas infetadas numa centena de países e territórios.

OC

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Agência ECCLESIA

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