Covid-19: Auxiliar utentes em casa é «missão de risco» e de «amor»

Serviço de Apoio Domiciliário da Caritas de Beja ajuda 70 utentes e não prevê suspensão de serviços

Foto: Cáritas Diocesana de Beja

Beja, 16 abr 2020 (Ecclesia) – A Cáritas de Beja está a prestar serviço de apoio domiciliário a 70 utentes, através do trabalho de 10 “excelentes” funcionárias que continuando uma “missão de risco” não deixam de exercer “com amor a sua função”.

“Nota-se que estão muito empenhadas e ligadas a estas pessoas. Há utentes com cerca de 20 anos de ligação à Cáritas e são uma família. Não é apenas um trabalho, elas sentem e levam para casa a pressão. Não é fácil para quem gere e para quem está diretamente no terreno. E têm muitos medos. Mas este é mais do quem um trabalho, há amor”, explica Mariana Côco, directora técnica do Serviço de Apoio Domiciliário da Caritas de Beja, em declarações à Agência ECCLESIA.

Dez funcionárias levam diariamente a alimentação, almoço e jantar, e por vezes pequeno-almoço, aos utentes, fazem a higiene pessoal, “algumas pessoas que estão acamadas necessitam de higiene duas ou três vezes por dia”, prestam higiene habitacional e realizam o tratamento da roupa.

Em contexto de isolamento para conter a pandemia do Covid-19, a Caritas de Beja decidiu não suspender nenhum serviço que presta, tendo adequado as respostas ao solicitado.

“Temos muitos utentes que tem higiene habitacional com doença mental e se estivermos muito tempo sem fazer estas tarefas a situação degrada-se que é impensável viver nesta situação, correndo-se até o risco de saúde pública. Analisámos caso a caso e só os que estão mais autónomos, é que suspendemos”, indica.

Foto: Cáritas Diocesana de Beja

Mariana Côco dá conta que, até ao momento, nenhum utente ou auxiliar de ação direta está infetado, mas a instituição estuda “algumas situações para que, caso aconteça, não deixe de funcionar”.

A instituição gostaria de ter mais “ajudantes qualificadas” para permitir maior rotatividade dos seus funcionários e minimizar o contacto mas os acordos estabelecidos com a Segurança Social não permitem ir mais longe.

“As pessoas mais dependentes, se não formos lá não conseguem fazer o dia-a-dia, não há família para colmatar as dificuldades básicas”, explica.

Para além do apoio directo prestado, há que ter atenção os quadros psicológicos que o isolamento vai diagnosticando: “Não vêem os netos, entram em depressão, precisam de falar com alguém, estar com alguém”, manifesta a diretora técnica.

A cidade pequena de Beja vai mostrando o impacto que o isolamento dita, com menos movimento e menos pessoas nas ruas: “Alguns idosos no início saiam de casa, agora já raramente saem, o que é muito complicado para as pessoas que vivem sozinhas”.

Mariana Côco dá conta da necessidade de prosseguirem a sua missão, apesar de também os funcionários estarem preocupados.

“É uma situação que me assusta e psicologicamente é desgastante mas para a nossa instituição é impensável fecharmos ou deixar de prestar o apoio a estas pessoas que ainda mais nesta altura necessitam dele. Estamos, dia-a-dia, a ver o que conseguimos fazer e dia-a-dia a ficar contentes com o que fazemos, com os excelentes profissionais que temos”, destaca.

A proteção individual é uma preocupação para todos e a responsável dá conta de manter o stock de máscaras, visieras e batas.

Foto: Cáritas Diocesana de Beja

“Tivemos uma ajuda dos dentistas de Beja que nos deram máscaras, também uma empresa e a Santa Casa nos deram viseiras, mas é sempre preciso mais. Algumas costureiras fizeram máscaras de pano e vamos adquirir batas descartáveis. Elas estão protegidas, mas o stock é pouco”, indica.

Apesar dos constrangimentos e necessárias precauções, Mariana Côco explica que a Caritas de Beja vai continuar a fazer o seu melhor, a “acompanhar as famílias” e dar respostas a todas as solicitações.

LS

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