Costa do Marfim: Missionários da Consolata vão promover missão de capacitação e dignificação da pessoa humana

Grupo de 12 jovens, acompanhados por um padre e dois leigos, tem como foco principal a saúde e a educação

Maia, 22 jul 2022 (Ecclesia) – O Voluntariado Missionário da Consolata (VMC) em Portugal vai realizar uma missão em Marandallah, interior da Costa do Marfim, centrada na educação, saúde e diálogo inter-religioso, de 1 a 30 de agosto.

“Em Marandallah, 70% da população nunca foi à escola. Os mais novos, e notamos isso em 2018, quando têm possibilidade de ir à escola os pais mandam-nos trabalhar nas obras para começar a levar dinheiro. Eles estão a aprender a trabalhar na construção, na horta, e não vão à escola”, disse o padre Antony Malila, em declarações à Agência ECCLESIA.

O sacerdote, do Instituto Missionário da Consolata (IMC), vai acompanhar o grupo de voluntários, contextualizando que, em 2018 o projeto levou à construção de “uma sala numa escola secundária do Estado” em Marandallah.

Agora, vão regressar para “equipar a sala de aula” que construíram para o terceiro ano e outras escolas “que têm falta de material escolar”.

“Há miúdos a quem faltam cadernos, livros, muita coisa, e se calhar não vão à escola”, sublinha.

O missionário queniano observa que os mais novos começam a trabalhar muito cedo, “não têm a maturidade de dizer que quais são os seus direitos”, e lembra que a Costa do Marfim esteve durante “muitos anos em guerra civil e a parte do norte foi muito sacrificada”.

Neste contexto, o religioso destaca que uma das características do IMC “é a promoção humana”, por isso, quando os missionários querem “dar dignidade àquela pessoa”.

“Não podemos falar de Cristo que nos ama e nós não mostramos esse amor. A primeira coisa é mostramos esse amor”, afirmou o sacerdote, que vive na comunidade de Águas Santas (Diocese do Porto), desde dezembro de 2015.

‘Missão Apôh – Costa do Marfim 2022’, é o nome deste projeto missionário, – a palavra “apôh” significa “amor”, na língua local de Marandallah.

Além da educação, outro foco é a assistência sanitária, pelo que os voluntários vão reabilitar e equipar o centro de saúde.

Segundo o padre Antony Malila, os Missionários da Consolata quando chegaram a Marandallah, em 2002, “conseguiram o Centro de Saúde para ajudar a população”.

Esta missão tem também uma vertente de diálogo inter-religioso com uma população “maioritariamente muçulmana”, uma vez que estes projetos abrangem todas as pessoas e “não estão só ligados aos cristãos”.

Lembro-me que, em 2018, vinham falar connosco, partilhar, o que foi realmente muito bom. E também para nós é muito importante. Vão ver aquele povo que vive sem problema e em paz, cristãos e os muçulmanos. Para eles também é uma riqueza”.

Os 12 jovens do VMC têm idades entre os 19 e os 34 anos; a maioria são estudantes e alguns já trabalham – uma médica, uma enfermeira, uma polícia, uma economista.

Três dos participantes são da região do Porto, nove de Lisboa e Vale do Tejo, e vão ser acompanhados na ‘Missão Apôh’ pelo padre Antony Malila e dois leigos da Consolata, o casal Gonçalo Magano e Iara Magano.

“É uma riqueza enorme, antes fazíamos grupos locais e este ano juntamos. Vai ser uma riqueza termos maneiras de pensar totalmente diferentes”, realçou o sacerdote que vai ajudar os voluntários “a conseguir viver a missão”, e fazer a ligação entre a missão em Portugal e a Costa do Marfim.

Os missionários e leigos da Consolata promovem o voluntariado missionário (VMC) há várias décadas, em duas modalidades: de longa duração (cerca de um ano ou mais) e de curta duração (um mês, no verão).

Por norma, os projetos “saem das missões onde os missionários estão a trabalhar”, na África e América Latina; a pandemia limitou estas atividades, pelo que no atual grupo estão alguns jovens que começaram a formação em 2019.

CB/OC

 

Para mim esta missão é importante: Encontrar outro tipo de cultura, sou africano mas lá a cultura é diferente, por isso, qualquer momento que andamos noutra terra aprendemos outra coisa. Também estou para aprender novas maneiras de fazer as coisas e ver outras maneiras de pensamento. Isso é uma riqueza. Como missionário estou sempre a aprender e é uma riqueza para nós.

Padre Antony Malila, Missionário da Consolata

 

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