COP28: Mais do que «palavras bonitas», mundo precisa de «ação concertada», diz responsável da Oikos (c/vídeo)

José Luís Monteiro pede que responsáveis deem primazia às necessidades das pessoas, em vez  dos interesses económicos das empresas

Lisboa, 27 nov 2023 (Ecclesia) – José Luís Monteiro, da Oikos – Cooperação e Desenvolvimento, apelou aos responsáveis políticos para que na Conferência dos Estados Partes na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP28) sejam tomadas “decisões fortes”, com impacto na preservação do planeta.

“As nossas expectativas são as mesmas que eram nas últimas, se calhar, duas COPS, ou seja, queremos ação. Não é palavras bonitas, discursos bonitos, queremos ação, queremos ação concertada”, disse à Agência ECCLESIA, pedindo que nesta cimeira do clima se priorizem as necessidades das pessoas ao invés dos interesses económicos das empresas.

“Não me interessa que um país tenha um crescimento do PIB de x por cento, se na realidade 70% das pessoas não consigam satisfazer as suas necessidades básicas”, advertiu, sublinhando que neste momento as atenções têm de estar viradas na Terra.

“Focar na Terra é focar no homem. Porque já empurramos as coisas de tal maneira que, neste momento, a sobrevivência da nossa sociedade, como entendemos, depende dos alicerces que estão no mundo natural”, indicou o elemento da Organização Não Governamental que aposta nas áreas da emergência humanitária, desenvolvimento sustentável e cidadania global.

José Luís Monteiro falava no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2, juntamente com Rita Paiva e Pona, do Gabinete de Resposta Social da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

A entrevistada conta que desde há dois anos que a UCP tem uma unidade curricular dedicada aos objetivos do Desenvolvimento sustentável.

Depois de realizado um inquérito aos alunos “para entender que disciplinas e que temas dentro desta Agenda 2030 eles gostariam de trabalhar”, a resposta foi o objetivo n.º 13 de desenvolvimento sustentável, que corresponde a “adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos”.

“Desde essa altura, temos vindo a trabalhar numa oferta educativa integral nesta perspetiva de em diálogo e, por isso, é uma disciplina que foi criada com as várias faculdades da universidade para responder a estes objetivos”, referiu.

“Também estamos a trabalhar numa dimensão de garantir que os estudantes não vivem numa redoma e que conhecem mais a realidade que está ao seu redor e, para isso, utilizamos uma metodologia que se chama Aprendizagem-Serviço que leva de facto os professores e os estudantes aos sítios dos mais frágeis para que possam trazer estas realidades para dentro da sala de aula”, acrescentou Rita Paiva e Pona, que acredita que esta metodologia pode “ser um caminho para desencadear novos comportamentos.

A COP28, que tem início no dia 30 de novembro e decorre até 12 de dezembro, vai contar com a participação do Papa Francisco, que discursa no dia 2 de dezembro.

Em entrevista, Rita Paiva e Pona destaca a mensagem de Francisco na encíclica Laudate Deum: “[O Papa] diz que nós estamos sensíveis ao problema, mas que não temos a coragem de efetuar as mudanças relevantes”, refere.

O lugar escolhido para a cimeira foi o Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o que tem motivado as críticas.

“As emissões de carbono mesmo diretas no Dubai são elevadíssimas. Tudo isto são pontos que depois acabam por manchar um bocado a COP”, alerta José Luís Monteiro, que considera que este é um aspeto que pode descredibilizar a cimeira se esta não tiver resultados com impacto no futuro.

PR/LJ/OC

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