Cooperação na defesa do património imóvel

Dioceses católicas de Portugal vão contar com a colaboração do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana

Lisboa, 07 mai 2012 (Ecclesia) – Um protocolo assinado hoje entre a Igreja Católica e o Estado português vai permitir a inventariação, preservação e divulgação do património imóvel das dioceses, em parceria com o IHRU – Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, da Conferência Episcopal Portuguesa, destaca o evento como “um passo importante” rumo à dinamização de um tipo de património para o qual “faltava muitas vezes” recursos humanos com “conhecimentos técnicos” adequados.

À disposição das dioceses, realça D. Pio Alves, vai estar um organismo estatal com “experiência acumulada na classificação dos imóveis”, já com cerca de 32 mil edifícios catalogados um pouco por todo o país, e “com toda a disponibilidade para assessorar” os responsáveis eclesiais que assim o entendam.

“Esta parceria entre a Igreja e o Estado é um chapéu global que vale para todo o país mas que necessita depois da livre adesão de cada uma das dioceses”, sublinha o prelado, que marcou presença na cerimónia de assinatura do protocolo, nas instalações do IHRU localizadas no Forte de Sacavém, Patriarcado de Lisboa.

O representante eclesial saudou a “boa vontade” que “desde o princípio” existiu entre as partes envolvidas no processo e que permitiu que o protocolo chegasse “a bom porto”.

D. Pio Alves destacou ainda a importância da parceria entre a Igreja e o Estado para o crescimento da religião, na sua relação com o público e na “evangelização”.

“Ao mesmo tempo que estamos a preservar e a melhorar, estamos a enriquecer o nosso modo de comunicar com a sociedade e com as pessoas que procuram o religioso”, apontou, aludindo aos muitos turistas que visitam anualmente o património arquitetónico da Igreja.

Do lado do Estado, a Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território justificou o estabelecimento desta parceria com o “lugar de primazia” que o património religioso ocupa no “universo dos valores edificados” em Portugal.

“Este património invoca a memória devocional portuguesa e recria um tempo que, passado e sem registo, poderia ficar definitivamente perdido”, realçou Assunção Cristas.

A Diocese do Porto, através do Secretariado Diocesano de Liturgia, liderado pelo padre Manuel Amorim, foi a primeira (e única até agora) a aderir ao projeto conjunto com o IHRU.

Só em 2011, o desenvolvimento dessa parceria, hoje renovada, permitiu à Igreja Católica local fazer a inventariação de cerca de 220 edifícios e estruturas religiosas, processados através do SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitetónico.

A diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja adianta que, muito em breve, o protocolo poderá começar a abranger mais dioceses.

“Existem já algumas dioceses que manifestaram interesse em avançar com este trabalho, como Santarém, Évora e Viseu” revela Sandra Costa Saldanha, salientando ainda que o projeto irá impedir a repetição de “erros do passado” que aconteceram no processo de classificação e inventariação de imóveis, envolvendo entidades estatais e eclesiais.

“Frequentemente cada entidade fazia as coisas pelo seu lado e acabavam por estar a fazer o mesmo”, lamenta aquela responsável.

JCP

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