Psicoterapeuta de Portimão apela à atenção dos médicos de família para queixas que têm por trás «uma dor de perda»
Lisboa, 11 nov 2020 (Ecclesia) – A psicoterapeuta e psicóloga Márcia Cunha, que coordena o grupo de acompanhamento ao luto “Amparo”, da paróquia de Portimão, na Diocese do Algarve, disse à Agência ECCLESIA que, com o tempo de pandemia, os “lutos vão ser mais longos” e “mais dolorosos”.
“Vivemos numa sociedade com muito contacto, em relação à morte é importante os últimos mentos, dá-se importância ao funeral que se tem, à despedida, e com as limitações de agora muitas pessoas não conseguiram acompanhar os últimos momentos, funerais foram muito reduzidos, é um sentimento que vai perseguir estes familiares e os lutos vão ser mais longos”, aponta.
A entrevistada refere ainda a “ideia de que uma pessoa muito amada tem um funeral com muita gente e não foi possível”, no tempo de pandemia, o que pode trazer transtornos aos familiares.
“Acho que ainda não apareceram as consequências, ainda é cedo, mesmo para quem durante estes meses perdeu alguém de família, as pessoas ainda estão num limbo, mas acredito que num futuro próximo vamos ter processos de luto mais dolorosos do que até agora”, considera.
Márcia Cunha afirma ainda que as pessoas enlutadas estão a “cair agora na realidade e irá ser um processo”, que muitas vão precisar de ajuda e os médicos de família poderão colaborar.
“Acredito que nesta situação os nossos médicos de família deviam ter certa atenção, ver e sentir que às vezes a queixa não é só física e ali atrás há uma dor de uma perda que tiveram e fazer um encaminhamento diferente, mais do que medicamentos, pode ajudar”, precisa.
Quanto ao grupo “Amparo”, desde março que suspenderam as reuniões mensais mas a psicóloga fez questão de ir acompanhando “virtualmente” todo os elementos do grupo.
“Tudo foi cancelado e fui mantendo contacto com eles virtualmente, trocávamos mensagens e entre eles também sei que havia a preocupação de saber se estavam todos bem de saúde”, conta.
O grupo conta retomar as “reuniões neste mês de novembro”, segundo todas as regras de segurança e distanciamento e Márcia Cunha referiu que ao comunicar a decisão todos “reagiram com muitos sorrisos e muita ansiedade de se reencontrarem”.
No mês de novembro, a Agência ECCLESIA apresenta as ‘Conversas do Silêncio’, publicadas online pelas 17h00 e emitidas no programa Ecclesia, na Antena 1 da rádio pública, pelas 22h45, de segunda a sexta-feira.
SN