O alerta chega da boca do Presidente Jorge Sampaio: as dificuldades financeiras do País podem ser aproveitadas para alimentar um discurso xenófobo e racista. “Quando se fala em defender os imigrantes, sempre mostramos que é possível trabalhar sem expulsar ninguém, sem ferir as pessoas e sem provocar guerrilhas. Os imigrantes não podem ser vítimas de guerras políticas, nem podem ser vistos como rivais”, afirma D. Januário Torgal Ferreira, presidente da Comissão Episcopal para as Migrações e Turismo, em declarações à Agência ECCLESIA. “A melhoria do acolhimento é sinónimo de legalização; a chamada de atenção do Presidente Sampaio para o contributo dos ilegais no desenvolvimento do país vem reforçar essa necessidade”, destaca. Este responsável revelou o que espera desta presidência aberta numa altura em que já foi aprovada a nova lei da imigração: “o Presidente da República dá com esta presidência aberta um testemunho claro de equilíbrio social e cuidado pelos mais simples, pondo o dedo na ferida”. “Quem tem ido aos bairros dos imigrantes tem-no feito por critérios missionários, nunca vi empenho do governo em fazer visitas dentro de uma acção sistemática. É significativo que o Presidente agora o faça, porque estas iniciativas deveriam ter precedido a legislação, e oxalá seja imitado”, assume o presidente da Comissão Episcopal para as Migrações. D. Januário está consciente das dificuldades que a Igreja enfrenta por causa das suas posições na defesa dos imigrantes: “aos que nos acusam de irresponsabilidade na nossa utopia é necessário dizer que os que seguem os critérios do Evangelho exigem uma maior capacidade de justiça, e não são irresponsáveis. Nós nunca dissemos que todas as pessoas do mundo podem vir para Portugal!”, conclui.
