Consistório: Bento XVI acompanhou Papa Francisco pela primeira vez na Basílica de São Pedro

Novos cardeais receberam anel e barrete, jurando fidelidade ao Papa

Cidade do Vaticano, 22 fev 2014 (Ecclesia) – Bento XVI acompanhou hoje pela primeira vez o Papa Francisco numa celebração na Basílica de São Pedro, o consistório para a a criação de 18 cardeais, incluindo 16 eleitores.

O Papa emérito sentou-se na primeira fila, junto ao grupo de cardeais-bispos e próximo do chefe de protocolo da Secretaria de Estado do Vaticano, o luso-canadiano monsenhor José Avelino Bettencourt.

Bento XVI foi abraçado pelo seu sucessor, antes do início da celebração, tendo retirado o o solidéu branco, em sinal de respeito por Francisco.

Os dois Papas tinham estado juntos a 5 de julho de 2013, nos jardins do Vaticano, para a inauguração de uma estátua de São Miguel, cerimónia que decorreu no mesmo dia em que foi lançada a encíclica ‘Luz da Fé’.

O rito de entrega do barrete e do anel cardinalícios, momentos que foram unificados por decisão de Bento XVI em 2012, bem como a atribuição uma igreja de Roma, decorreu a partir das 11h00 (hora local, menos uma em Lisboa).

O Papa Francisco e Bento XVI foram saudados pelo primeiro dos novos cardeais por ordem de criação, o secretário de Estado do Vaticano, D. Pietro Parolin, debaixo de uma salva de palmas da assembleia.

Após a proclamação das leituras e da homilia, o Papa Francisco leu a fórmula de criação e proclama solenemente os nomes dos novos cardeais, em latim, para os unir com “um vínculo mais estreito à Sé de Pedro”.

Depois teve lugar a profissão de fé e o juramento dos novos cardeais, de fidelidade e obediência  a Francisco e seus sucessores, “agora e para sempre”.

Cada um ajoelhou-se, em seguida, para receber o barrete cardinalício, que o Papa impõe “como sinal da dignidade do cardinalato”, significando que todos devem estar prontos a comportar-se “com fortaleza, até à efusão do sangue”, refere o Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.

O Papa entregou ainda o anel aos novos cardeais para que se “reforce o amor pela Igreja”.

Nesta altura, foi atribuído a cada cardeal uma igreja de Roma (título ou diaconia) – simbolizando a “participação na solicitude pastoral do Papa” na cidade -, recebendo ainda a bula de criação cardinalícia, momento selado por um abraço de paz.

Ainda hoje têm lugar as visitas de cortesia aos novos cardeais, entre as 16h30 e as 18h30 locais, no Palácio Apostólico do Vaticano e na sala Paulo VI.

No domingo, o Papa vai presidir à missa com os novos cardeais, a partir das 10h00 (09h00 em Lisboa), na Basílica de São Pedro.

O padre Saturino Gomes, membro do Tribunal da Rota Romana, explica à Agência ECCLESIA que os cardeais “surgiram dos 25 títulos ou igrejas quase-paroquiais de Roma, dos 7 (mais tarde 14) diáconos regionais e 6 diáconos palatinos e dos 7 (séc. XII) bispos suburbicários”, e que foram “conselheiros e cooperadores do Papa”.

“A partir de 1150 formaram o colégio cardinalício com um decano, que é bispo de Óstia, e um camarlengo, que é administrador dos bens. É em 1059 que assumem as funções exclusivas de serem eleitores do Papa (conclave)”, acrescenta.

D. Loris Capovilla, de 98 anos, esteve ausente da celebração na Basílica de São Pedro, por motivos de saúde, e irá receber o barrete e o anel pelas mãos de um enviado especial, como anunciou o Papa, numa cerimónia que decorrerá a 1 de março em Sotto il Monte (Itália), terra natal do Beato João XXIII, do qual era secretário.

O Colégio Cardinalício vai passar a ter 218 cardeais vindos de 68 países (53 com cardeais eleitores), entre eles Portugal, representado por D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos (com mais de 80 anos), D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, e D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa.

Cada cardeal é inserido numa ordem própria (episcopal, presbiteral ou diaconal), tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma.

D. José Saraiva Martins é um dos seis cardeais-bispos (a que se juntam, num grau hierárquico inferior, os patriarcas das Igrejas católicas de rito oriental), os únicos que elegem e podem ser eleitos para o cargo de decano do Colégio Cardinalício, sendo responsáveis pelas igrejas que São Pedro fundou à volta da cidade de Roma (chamadas ‘suburbicárias’), no século I.

OC

Notícia atualizada às 12h00

[[v,d,,]]

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top