Consistório 2023: Arcebispo de Madrid admite preocupação com cenário político espanhol

D. José Cobo pede compromisso dos católicos para promover «política do consenso»

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 29 set 2023 (Ecclesia) – O arcebispo de Madrid admitiu hoje, no Vaticano, a preocupação da Igreja Católica com o cenário de indefinição na formação do novo governo do país, apelando a uma “política do consenso”.

“A Igreja está preocupada e tudo o que seja confronto ou paralisia pela [falta de] entendimento é um problema para todos”, disse D. José Cobo, aos jornalistas, falando na sala de imprensa da Santa Sé, em vésperas do Consistório em que vai ser criado cardeal pelo Papa.

O parlamento de Espanha rejeitou hoje, pela segunda vez, a candidatura do presidente do Partido Popular (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, a primeiro-ministro.

Felipe VI, rei de Espanha, deverá indicar um novo candidato a primeiro-ministro.

D. José Cobo, nomeado arcebispo de Madrid a 12 de junho, apelou a uma “ética do encontro e ética do diálogo na política”, lembrando que existem católicos em “todos os âmbitos” desta ação.

“Creio que a função da Igreja é animar aqueles que são católicos, ou aqueles que queiram escutar a voz da Igreja, para que voltem ao consenso e pratiquem a política do consenso. Francisco chama-lhe o amor político”, assinalou.

O futuro cardeal espanhol destacou as preocupações com o impacto da crise económica na vida das famílias e a crise das migrações.

“Precisamos de nos unir para responder a isso”, sustentou.

O arcebispo de Madrid admitiu que a Igreja “passou a ser pouco escutada”, no contexto de uma “sociedade muito mais plural e com outros valores”.

“Aqui estaremos para dizer, minoritariamente, o anúncio que temos de fazer. Ainda que seja minoritariamente”, indicou.

Para D. José Cobo, o essencial é passar das “declarações” à proposta de “experiências”, oferecendo a quem procura a Igreja “uma mensagem de fraternidade na sua aldeia, no seu bairro”.

“Temos de pôr as mãos na massa, escutando todos. Onde alguém tiver necessidades, que possa ir à Igreja e encontre sentido. Isso também me preocupa”, acrescentou.

Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.

O arcebispo de Madrid considera que esta é a mensagem certa, por parte da Igreja.

“Somos diversos, o mundo está a globalizar-se, mas não a partir da Europa. O mundo é maior e a visão que o Papa está a oferecer é que o mundo é global (…) e que a Igreja tem uma mensagem de globalização que é a mensagem do Evangelho. Creio que o Papa traduz isso muito bem, dando voz a todas as igrejas, incluindo as mais pequenas; não pelo número, mas pelo significado”, sustentou.

O consistório para a criação de 21 cardeais, entre eles 18 futuros eleitores, decorre este sábado, pelas 10h00 (menos uma em Lisboa), na Praça de São Pedro.

Este é o nono consistório do atual pontificado, após os realizados a 22 de fevereiro de 2014, 14 de fevereiro de 2015, 19 de novembro de 2016, 28 de junho de 2017, 28 de junho de 2018, 5 de outubro de 2019, 28 de novembro de 2020 e 27 de agosto de 2022.

Parceria Consistório e Sínodo/OC

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