Consagrado português acompanhou o fervilhar dos debates conciliares

Depois de terminar o percurso no seminário e receber a ordenação presbiteral em 1960, o padre Américo M. Veiga, missionário redentorista, foi enviado para Roma dois anos depois. Chegou à capital italiana dois meses antes do início do II Concílio do Vaticano.

Depois de terminar o percurso no seminário e receber a ordenação presbiteral em 1960, o padre Américo M. Veiga, missionário redentorista, foi enviado para Roma dois anos depois. Chegou à capital italiana dois meses antes do início do II Concílio do Vaticano.

Ao dar o seu testemunho na XXVII Semana de Estudos de Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recordou que a “grande maioria ou a totalidade dos professores” da Academia de Moral dos Redentoristas, a funcionar na casa onde residia quando esteve em Roma, “eram consultores ou peritos do Concílio”.

Em Roma, o fervilhar de debates, conferências, colóquios e testemunhos era constante. Para entender isto, basta recordar que a capital italiana acolheu cerca de 2500 bispos, “um significativo número de peritos do Concílio e ainda numerosos conselheiros ou consultores de cada bispo ou de grupos de bispos”, disse o padre redentorista e acrescenta: “Todos eles sentiam necessidade de desabafar e dizer qualquer coisa”.

Na casa onde residia este missionário português, estavam hospedados uns “25 bispos redentoristas de todo o mundo”.

Quando os estudantes redentoristas que ali viviam saiam para as diferentes universidades, os bispos conciliares diziam “com alguma graça: «Ide, que nós também vamos para a nossa [referiam-se ao Concílio]»”. Segundo o testemunho deste missionário, esta assembleia magna “foi um autêntico, amplo e profundo curso de reciclagem”.

Na sua comunicação aos participantes na Semana de Estudos de Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recorda que “a grande maioria dos bispos conciliares estava à margem dos grandes debates que ali se realizavam e dos grandes voos teológicos que supunham”. A Igreja “teve a sorte e a graça” de possuir naquela época um número de teólogos “extraordinários” e um grupo de bispos, “reduzido é certo, mas muito bem preparado teologicamente, de grande abertura e experiência pastoral”.

Para o padre Américo Veiga, o II Concílio do Vaticano foi “uma explosão de alegria” e o acontecimento mais marcante” da sua vida. E adianta: “Sempre inquieto e interrogativo, muito do que me tinham ensinado e aprendido não me convencia totalmente, nem me deixava tranquilo”.

Passados 50 anos do início (11 de outubro de 1962) desta assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII, o missionário português confessa: “Não me imagino sem o concílio nem quero imaginar o que seriam as relações da Igreja com o mundo sem o concílio”. Este acontecimento “foi a luz tão desejada e ardentemente procurada, a luz cheia de vida ao fundo do túnel para muitas interrogações que me dominavam”.

Quando morre o Papa João XXIII (03 de junho de 1963) coloca-se o problema da sucessão e da continuação do concílio. O padre Américo Veiga recorda uma conversa entre o cardeal Cerejeira e o redentorista Bernhard Haring (especialista na área da Moral). Nesse diálogo, o cardeal português pergunta ao moralista quem eram os cardeais mais «papáveis». Na sua resposta, Bernhard Haring diz: “Os cardeais Lercaro, arcebispo de Bolonha, e Montini, arcebispo de Milão”. As previsões de Bernhard Haring estavam certas…

LFS

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