Congresso Eucarístico Nacional: «Precisamos de passar sempre da Missa à missão», indo «às periferias de modo destemido» – Padre Joaquim Ganhão

Delegado da Diocese de Santarém ao V CEN aborda realização do encontro como ocasião para refletir sobre renovação da celebração e participação eucarística

Lisboa, 12 abr 2024 (Ecclesia) – O padre Joaquim Ganhão, delegado da Diocese de Santarém ao V Congresso Eucarístico Nacional (CEN), defende que o acontecimento que tem lugar em Braga, é uma oportunidade de convidar as comunidades cristãs a redescobrir os desafios que a celebração eucarística coloca.

“Precisamos de passar sempre da Missa à missão. E a missão tem de ser, na senda do Papa Francisco, que nos atualiza de uma maneira muito bela tudo isto, que é passar, no fundo, a ir às periferias de modo destemido. E as periferias às vezes estão-nos à porta, como sabemos, e às vezes estão-nos dentro de casa. E esta atenção a cada um e a todos, para que a fé que celebramos seja a fé que vivemos e que concretizamos”, afirmou o especialista em liturgia.

Segundo o padre Joaquim Ganhão, “a vida da Igreja nunca está feita”, “está sempre em construção” e se “tem a fonte e o cume na Eucaristia, todos os dias há desafios novos”.

O diretor do Secretariado Diocesano da Liturgia de Santarém, afirmou que na diocese existe uma realidade “muito interessante”, movida por muitas pessoas que cuidam da liturgia e também voluntários, no que respeita a “levar o espírito acolhimento de Cristo e de reconhecimento dele também na pessoa dos pobres”.

“No fundo, a Eucaristia e a caridade estão sempre ligadas. Celebrámos há poucos dias a Quinta-feira Santa, onde na própria celebração isso é mais que evidente”, indicou.

Na diocese de Santarém, o padre Joaquim Ganhão revela que a diocese acolheu o convite do V CEN e que foi lançado, de modo especial, o desafio de participar “a todos aqueles que nas comunidades cuidam mais de perto da liturgia”.

“Eu convidei toda esta gente, no fundo, a tornarem-se peregrinos do Congresso Eucarístico, no sentido de caminharmos para lá e aproveitarmos esta ocasião para renovarmos também toda a formação cristã em torno da Eucaristia”, adiantou.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, transmitida hoje na RTP2, o padre Joaquim Ganhão falou nos desafios que se colocam à celebração da eucaristia, nomeadamente o modo em que o rito se concretiza e a participação que envolve.

“O nosso tempo tem grandes desafios nesse sentido. Nós, de facto, em muitos momentos sentimos que as assembleias, por vezes, têm um certo gelo, digamos assim, enfim, entramos numa certa rotina que nem sempre é saudável, mas, de facto, estas ocasiões, como um congresso eucarístico, são ocasiões para refletir nestes aspetos todos”, destacou.

Nesse sentido, o delegado da diocese de Santarém ao 5ºCEN considera que “é preciso que a liturgia dialogue com a educação cristã”.

“É uma das queixas, ou um dos lamentos, quase gerais, a dificuldade, às vezes, de iniciarmos as crianças, os adolescentes e os jovens, na celebração da liturgia, que, muitas vezes, dizem e sentem, exprimem-se como que é um momento um bocado fastidioso para eles, dizem isto de muitas maneiras, como conhecemos, e, portanto, são desafios que nunca estão acabados”, aponta.

“Agora, é preciso não perdermos o foco, e o foco de percebermos o que é que celebramos, porque é que celebramos e para que é que celebramos. E um congresso eucarístico ajuda-nos a focarmos aí”, acrescentou.

De acordo com o padre Joaquim Ganhão, seria favorável que se criasse um ambiente de partilha, mesmo entre as dioceses”, no sentido de ajudar “comunidades a melhor viverem e melhor participarem na celebração”.

Claro que o rito é o rito e não podemos fugir dele. Agora, as roupagens que lhe colocamos podem ser de uma maneira ou de outra. E uma bela celebração da liturgia atrai, efetivamente, quando é bem preparada, quando é bem celebrada, quando a palavra tem o seu lugar e é bem proclamada, quando o canto, de facto, envolve e propicia a participação de todos”.

Sobre a linguagem usada nas celebrações, o sacerdote lembra a carta apostólica Desiderio desideravi”, em que o Papa escreve sobre a liturgia, e aborda o facto de que as novas gerações e as comunidades não foram iniciadas à fé.

“E a dimensão simbólica, onde se move muito da celebração, perdeu-se. E, portanto, é preciso trabalhar no sentido da educação e da formação para a linguagem simbólica, para que as pessoas hoje sejam capazes de voltar a viver aquele deslumbramento frente àquilo que celebram, que é fundamental para uma boa e frutuosa celebração”, sublinhou.

PR/LJ/OC

O 5.º CEN, com o tema “Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. ‘Reconheceram-no ao partir o Pão’ (Lc 24,35)”, vai realizar-se em Braga, de 31 de maio a 2 de junho de 2024.

Nesse âmbito, a Conferência Episcopal Portuguesa divulgou uma nota pastoral com o nome “Sem a eucaristia não podemos viver”.

Em contagem decrescente para o Congresso Eucarístico Nacional, o Programa ECCLESIA transmitido na RTP2 vai dar destaque ao encontro todas as sextas-feiras dos meses de abril e maio.

 

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