Conclusões do XIV Congresso Nacional da LOC/MTC

A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos reuniu mais de duas centenas de militantes para o seu XIV Congresso que se realizou em Aveiro, no Seminário de Santa Joana Princesa, nos dias 12 e 13 de Junho de 2010, sob o lema “Trabalho Digno, Sociedade Humanizada”

Estiveram presentes a Comissão Nacional do Apostolado dos Leigos e Família, através do D. Serafim Ferreira; o bispo de Aveiro, D. António dos Santos; D. António Marcelino; representantes do Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos (MMTC), do Movimento Europeu de Trabalhadores Cristãos; delegações de Movimentos congéneres da LOC/MTC, vindas de Espanha, França, Alemanha e Acção Católica de Cabo Verde.

Marcaram, ainda, presença no Congresso a Juventude Operária Católica (JOC), o Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC) e a Pastoral Operária, bem como representantes de algumas organizações da sociedade civil: EZA, Base-Fut, CGTP e o presidente da Câmara de Aveiro.

Um dos pontos altos do Congresso foi a ratificação do documento das linhas de orientação para os próximos três anos, reflectido em método de Revisão de Vida, durante o corrente ano, nas equipas de base e aprovado pela Equipa Nacional.

A etapa do Ver do documento realça a realidade do mundo do trabalho marcada pela precarização e o aumento do desemprego; pelo enfraquecimento das organizações sindicais; pela falta da responsabilidade social dos empresários; pela fragilidade social das famílias mais pobres; por um consumismo exagerado e desrespeito pelo meio ambiente. Nesta etapa foi apontado como ponto positivo a participação social de muitos trabalhadores que querem ser actores de mudança.

Na etapa do Julgar referiu-se que o homem e a mulher têm de ser o centro de toda a dimensão da actividade humana. (cf O.A. nº 14)

A felicidade da pessoa também passa por um trabalho valorizado e dignificado. Portanto, o trabalho é fonte de humanização da pessoa e da sociedade. (cf L. E. 9)

Foi ainda referido que os trabalhadores não devem viver da caridade mas sim de justiça social. Por isso exige-se uma maior distribuição da riqueza. (cf C.V. 32)

Na etapa do Agir apresentaram-se como desafios a promoção da solidariedade entre os trabalhadores, a discussão de ideias e o envolvimento dos mesmos nos projectos e nas decisões tomadas; tornar presente os valores que dignificam os trabalhadores, motivando-os a participarem activamente nos sindicatos e nas associações que os representam; incentivar o serviço de voluntariado, no apoio às famílias trabalhadoras; interpelar as comunidades cristãs a terem mais presente na sua reflexão e acção pastoral aquilo que são as angústias e anseios dos trabalhadores; continuar a reconhecer a importância do grupo de base e a reflexão feita através do método da RVO; valorizar o jornal Voz do Trabalho e o Boletim de Militante, como meios de dar a conhecer o Movimento e como suportes de formação.

Como vem sendo habitual nos Congressos da LOC/MTC foi dedicado um tempo generoso à formação. O orador José Luís Gonçalves, professor universitário com interessantes contributos na área social, destacou: a importância da inovação de ideias que permitam reinterpretar a realidade, não abdicando dos valores em que acreditamos; os trabalhadores não podem ser formados uma vez para a vida mas precisam de formação inicial flexível e aprendizagem ao longo do tempo; não há outro caminho que não seja colocar as pessoas a aprender um pouco mais, cada um de nós tem de aprender a aprender; vivemos numa sociedade de risco, por via do trabalho estamos bem hoje e amanhã não, vivemos para sermos capazes de mudar rapidamente; uma sociedade humanizada passa por uma comunidade de proximidade; a pessoa vale por aquilo que é e não tanto por aquilo que faz.

O conferencista lançou alguns reptos aos congressistas, entre os quais salientamos: temos de encontrar saída com muito humanismo para os problemas com que nos deparamos; necessidade de se incentivar os laços sociais através da criação de lugares ‘intermédios’ entre o público e o privado, situados numa ‘zona neutra’ entre o mundo laboral e o contexto reservado da família; lugares de ‘hospitalidade’, de liberdade, de sociabilidade e de reconhecimento mútuo, visando uma solidariedade de razões que levem à criação de respostas inéditas de vida em comum, através dos valores da proximidade, de cidadania e de comunidade, fomentadoras da coesão social.

Neste XIV Congresso, foram eleitos para um segundo mandato de três anos Maria Fátima Cunha Almeida da Diocese de Braga, Coordenadora Nacional e José Domingues Rodrigues da Diocese de Lisboa, Vice-Coordenador Nacional.

Em clima de fé e de fraternidade foi vivida a celebração da Eucaristia que encerrou o XIV Congresso da LOC/MTC. Animados de esperança e confiança pela participação neste momento tão importante na vida do movimento, os participantes sentem-se enviados para continuar a viver o seu compromisso militante no seio dos trabalhadores e no mundo. Como afirmou D. António dos Santos “agora é Jesus que nos envia a todos nós como membros da LOC/MTC: o maior desafio lançado neste Congresso é a missão real nos nossos ambientes”.

Aveiro, 13 de Junho de 2010

Os Coordenadores Nacionais,

Fátima Almeida

José Rodrigues

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