Comunidade judaica na Itália pede fim da prece pela sua conversão

Dificuldades no diálogo com os católicos passam ainda pela análise do pontificado de Pio XII

O presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas (Ucei), Renzo Gattegna, pediu o fim da oração pela conversão de judeus que existe na liturgia católica de Sexta-feira Santa

Em artigo publicado no jornal do Vaticano, «L’Osservatore Romano», Gattegna sustenta que “a fim de continuar com as iniciativas destinadas à compreensão e amizade recíprocas, um gesto útil, necessário e, certamente, apreciado seria uma declaração aberta de renúncia da parte da Igreja a qualquer manifestação de vontade em converter judeus, acompanhada da eliminação deste voto da liturgia da Sexta-feira, que antecede a Páscoa”.

Em 2008, Bento XVI modificou a oração de Sexta-feira Santa pelos judeus do Missal de 1962, cujo uso foi “liberalizado” com o Motu Proprio »Summorum Pontificum», de 7 Julho de 2007.

O «Oremus et pro Iudaeis» deste Missal anterior ao Concílio Vaticano II, publicado no pontificado de João XIII, pedia a oração dos fiéis para o Senhor retirasse dos seus corações “a cegueira” e a “escuridão”.

O novo texto de Bento XVI pede a oração pelos judeus para que o Senhor “ilumine o seu coração” para que reconheçam em Jesus “o salvador de todos os homens” e todo o povo de Israel “seja salvo”.

Já a oração do Missal Romano utilizado na esmagadora maioria das celebrações – aprovado por Paulo VI após o Concílio Vaticano II – reza “pelo povo judeu, para que Deus nosso Senhor, que falou aos seus pais pelos antigos Profetas, o faça progredir no amor do seu nome e na fidelidade à sua Aliança”.

Renzo Gattegna aborda ainda as questões levantadas pela série televisiva “Sotto il cielo di Roma” (Sob o céu de Roma), que retrata o Papa Pio XII durante a II Guerra Mundial e foi criticada por várias responsáveis da comunidade judaica de Roma.

Renzo Gattegna fala em imprecisões históricas, mas destaca o “relançamento do debate que está em curso, há 50 anos, sobre o comportamento do Papa Pio XII em relação ao nazismo”.

O filme foi apresentado pelo jornal do Vaticano como “a história de um Papa só”, isolado “pelas circunstâncias dramáticas e excepcionais nas quais se encontrava”.

“Pio XII encontrou-se durante os anos da guerra a fazer um trabalho de gregário da história: ingrato, invisível, sem gratificações, menos ainda reconhecimentos, que lhe seriam atribuídos apenas após décadas de estudos aprofundados”, indica o artigo do «Osservatore Romano».

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