«Communio» reflecte sobre a entrada de Jesus em Jerusalém

A “Entrada de Jesus em Jerusalém” é o tema da mais recente edição de 2009 da revista Communio. O excerto seguinte, retirado da apresentação, sintetiza os artigos deste volume.

«Para Philippe Lefebvre, no primeiro artigo deste número da Communio, são as “luzes do Antigo Testamento” que nos permitem entender todo o alcance e riqueza deste gesto de Jesus. A sua entrada em Jerusalém, no entanto, apenas se entenderá perfeitamente se tivermos em conta a centralidade e sacralidade do Templo, bem presente no relato evangélico. José Granados completa a análise feita no artigo anterior com a referência a estes aspectos, patentes no episódio da expulsão dos vendedores no Templo, e igualmente expressos pela aclamação do Hossana com que Jesus é recebido. Há uma perspectiva escatológica que aponta para o Reino definitivo de Deus no meio dos homens, em que o Templo será o próprio corpo do Senhor ressuscitado, como o evangelho de João (2,13-22) esclarece.

Instrumentos fundamentais para a interpretação que, ao longo da história da Igreja, nos faz penetrar o sentido último deste mistério da vida de Jesus, são a liturgia e a arte sacra. Gaetano Passarelli descreve como a festa que celebra a entrada de Jesus em Jerusalém teve origem no Oriente, também sob a forma de “festa das crianças”, e recorda-nos o testemunho dos ícones. A presença desta temática na arte ocidental é estudada por Maria Antonietta Crippa.

Que importância pode então ter para nós a cidade de Jerusalém, marcada pelos acontecimentos fundantes do cristianismo? João Lourenço expõe a dupla dimensão do seu significado, como “memória e esperança”. Ao concreto da história extremamente agitada e, por vezes, dramática de Jerusalém, junta-se “a cidade sonhada”, a sua significação transcendente cantada pelos salmos e recuperada pela interpretação cristã do Apocalipse. O mesmo autor apresenta-nos o Guia bíblico e cultural da Terra Santa que ele próprio elaborou. Ibrahim Faltas, único pároco cristão latino na Jerusalém actual, deixa um impressionante testemunho do que significa viver como cristão num meio com tão profundas divergências religiosas, procurando formas de convivência pacífica.

Ainda acerca da cidade das três religiões abraâmicas, Alfredo Teixeira descreve e comenta um projecto que, sob a forma de CD-livro, explora toda a densidade da sua mensagem histórica, convidando a reflectir sobre a dificuldade de vivermos a unidade e a diversidade da condição humana. Trata-se da iniciativa de Monserrat Figueras e Jordi Savall, com uma colaboração múltipla e diferenciada de artistas, em homenagem a Jerusalém.

Se, em Jesus Cristo, o messianismo de origem judaica assumiu o sentido preciso da realização da promessa que continha, ele sofreu contudo metamorfoses ao longo do tempo que o afastaram do seu primitivo sentido mas estão ligadas intimamente à história do Ocidente. No caso português, deparamo-nos com formas de pensamento profético-messiânico, cujas origens e alcance nos são apresentados por José Eduardo Franco.

Na secção ‘Perspectivas’, ainda no âmbito do ano paulino, publicamos um estudo de Joaquim Carreira das Neves sobre o lugar que ocupam as mulheres nas cartas de S. Paulo. As questões levantadas pela ecologia merecem a atenção de Miguel Oliveira Panão. Após apresentar vários tipos de ética ecológica, propõe como a mais válida a visão que se apoia numa ecologia de comunhão.»

O texto integral da apresentação, o sumário dos artigos, assim como algumas pinturas relacionadas com a entrada de Jesus em Jerusalém, podem ser consultados no site da Pastoral da Cultura.

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