Comissão de Acompanhamento ajudaria a resolver crise na Quinta da Fonte

A Federação das Associações Ciganas de Portugal (FECALP) criticou, em comunicado, o tratamento jornalístico dos confrontos ocorridos sexta-feira em Loures, alegando que “notícias tendenciosas” provocam “mais aversão” da opinião pública contra esta minoria étnica. Em declarações à Agência ECCLESIA, Francisco Monteiro, director executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC) sublinha que a “história está mal contada”. Este responsável acompanha o Bairro da Quinta da Fonte (Apelação) e realça que o problema é “completamente diferente”. E denuncia: “há uma comunicação social escandalosamente desequilibrada”. A FECALP está a ponderar entregar uma queixa-crime ao Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI) contra jornalistas que considera não terem sido imparciais neste caso. “Não concordo com a queixa ao ACIDI, mas sim à Entidade Reguladora da Comunicação”. Bruno Gonçalves, dirigente da FECALP, manifestou “descontentamento pelo trabalho das televisões” acerca do “episódio triste” no Bairro da Quinta da Fonte, palco de um tiroteio entre moradores que provocou vários feridos. “Foram actos lamentáveis” – afirma Francisco Monteiro. Repudiando os confrontos ocorridos, o responsável da FECALP considera que “as TV continuam a fazer um péssimo trabalho, pois estão a transformar as comunidades ciganas em carrascos, e aos outros moradores, igualmente envolvidos naquela vergonha, em heróis”. Estes actos não são de agora. “Já têm precedentes” – disse o responsável pela ONPC. E acrescenta: “Há uma mentira do Ministério da Administração Interna (MAI) porque o policiamento de proximidade não existe”. Como conhece a realidade, Francisco Monteiro desmonta o problema daquele bairro. “Existem associações de africanos, mas os ciganos não estão bem organizados em termos de associações”. A edilidade local afirma “que não tem culpa”, no entanto – segundo o responsável da ONPC – “também têm”. E adianta: “há uma facção que afirma que não queremos cá os ciganos”. Esta questão “tem anos” e nos bairros sociais terá que existir “uma comissão de acompanhamento”. Só com um mediador, os extremos “poderão ser absorvidos” – salienta Francisco Monteiro. E lamenta: “a comissão de acompanhamento não está a desempenhar o seu papel”. Em relação à utilização das armas, Francisco Monteiro sublinha que os “ciganos têm hábitos ancestrais e habituaram-se a defenderem-se”. Se algumas dessas armas são ou não ilegais, o responsável da ONPC afirma que “não sei”, mas reconhece que “a campanha da Comissão Nacional Justiça e Paz para a recolha de armas ilegais é muito louvável”. O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, anunciou sábado que Loures e Sintra vão ser os primeiros concelhos da região de Lisboa a receber contratos locais de segurança, instrumento que prevê o reforço da segurança comunitária e policiamento de proximidade. O governante anunciou que o contrato para Loures – que incidirá em bairros problemáticos do concelho, como o da Quinta da Fonte – será assinado “em breve” e começará a funcionar em Outubro deste ano.

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