Coimbra: «Vida de um profissional de saúde não é só técnica», diz coordenador dos capelães hospitalares

Padre José António Pais destaca importância da formação espiritual de todos quantos trabalham no setor

Coimbra, 19 mar 2015 (Ecclesia) – O coordenador dos capelães dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) lamentou hoje que a maioria das unidades de saúde descure a formação espiritual dos seus profissionais, quando esta “é imprescindível” para a recuperação dos doentes.

O padre José António Pais falou à Agência ECCLESIA no âmbito do simpósio “Dizer-se Nu sofrimento” que está a decorrer até sexta-feira, no auditório do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra.

De acordo com o sacerdote, muitos chefes de saúde “não permitem que os seus funcionários venham a estes acontecimentos” invocando como motivo que não se tratam de eventos “técnicos”.

“Isto como se a vida de um profissional de saúde fosse só técnica. Para se ser um bom técnico nesta área, ou se liga à parte espiritual ou então nada feito”, realçou o capelão dos HUC.

No que diz respeito ao Serviço de Assistência Espiritual e Hospitalar dos HUC, existem atualmente apenas 4 capelães para um universo de duas mil camas.

“Somos três com vínculo e outra pessoa sem vínculo nenhum, ou seja, tanto pode estar a trabalhar como não. 500 camas por pessoa é muita coisa e não conseguimos dar resposta a todos os pedidos que existem  para atender, humanamente falando não é possível”, sublinha o padre José António Pais.

A escassez de recursos humanos torna-se ainda mais evidente quando está em causa um serviço que não é só prestado aos “doentes internados” mas também a “familiares, visitas e aos próprios profissionais de saúde”.

Quem está em recuperação, frisa o sacerdote, procura sobretudo “alguém que os oiça, que os oiça como deve ser, que não esteja ali a queimar tempo ou com pressa”.

“Às vezes não temos respostas, mas só o facto de o doente ter alguém a seu lado que tem o tempo todo para ele, já fica melhor. Depois, primeiro que tudo, temos de ter muita misericórdia, mostrar a misericórdia, a atenção e a compaixão de Deus ali presente”, complementa.

O simpósio “Dizer-se Nu sofrimento” é organizado pelo Serviço de Assistência Espiritual Religiosa do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra; em parceria com a Associação de Humanização em Saúde de Coimbra; o núcleo diocesano da Associação dos Médicos Católicos Portugueses, a Pastoral da Saúde e as Capelanias Hospitalares da região.

Tem como oradores os padres Rui Santiago e Anselmo Borges, dos Missionários Redentoristas e da Boa Nova, respetivamente; e os médicos Graça Santos, Braz Saraiva e António Macedo.

Sobre o tema do evento, o padre José António Pais explica que ele invoca a necessária abertura que acompanha a relação entre “aquele que sofre”, o doente, e o que está com ele para “o ajudar e acompanhar”.

“Não uma nudez a nível físico mas espiritual, porque o sofrimento do outro também é o meu sofrimento”, conclui.

JCP

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