Coimbra: Último adeus a D. João Alves

Bispo emérito lembrado como alguém que abriu Igreja ao mundo

Coimbra, 29 jun 2013 (Ecclesia) – A Diocese de Coimbra despediu-se hoje de D. João Alves, seu bispo emérito, que esta sexta-feira faleceu, aos 87 anos, numa celebração que reuniu centenas de pessoas na Sé Nova.

“Damos graças ao Senhor por este seu discípulo, seu amigo e sua testemunha, que entregou a sua vida ao serviço do Senhor, da sua Igreja e de todos aqueles que foram destinatários da sua ação”, disse o atual bispo diocesano, D. Virgílio Antunes, na homilia da missa exequial.

O bispo de Coimbra afirmou que D. João Alves procurou “abrir a Igreja e levá-la ao encontro, ao diálogo com o mundo”, “plenamente imbuído da letra e do espírito do Concílio Vaticano II” (1962-1965), fazendo das orientações conciliares a “magna carta da sua ação pastoral” e procurando pôr em prática as suas “intuições fundamentais”.

A cerimónia contou com a presença de vários bispos portugueses e membros do clero da Diocese de Coimbra.

“No desejo de construir a Igreja no tempo que nos é dado, todos nós, comunidade diocesana, procuremos ser fiéis à linha de continuidade de que somos herdeiros e que teve um ponto alto na reflexão e na ação de D. João Alves, que teve a graça de colher e transmitir à Diocese o dinamismo renovador do Concílio Vaticano II”, pediu D. Virgílio Antunes.

Após o funeral, D. João Alves foi sepultado no jazigo dos bispos conimbricenses, no Cemitério da Conchada.

O falecimento do prelado tinha sido assinalado no dia da sua morte pelo presidente da República Portuguesa, que enviou uma mensagem de condolências e homenageou um dos “mais insignes” bispos da Igreja Católica no país.

“Na Diocese de Coimbra, que dirigiu durante duas décadas, na Conferência Episcopal Portuguesa, que liderou de 1993 a 1999, e na Comissão Paritária instituída pela Concordata celebrada com Portugal em 2004, deu constantes demonstrações da sua cultura humanista, do seu sentido de serviço aos outros e da sua sensibilidade social”, referiu Aníbal Cavaco Silva, em texto divulgado pela Presidência.

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, por sua vez, disse à Agência ECCLESIA que o bispo emérito foi uma pessoa de “convicções vigorosas” que soube ultrapassar as dificuldades.

“Pessoa de convicções vigorosas e muito determinada, D. João Alves deixou uma marca forte na Igreja de Coimbra”, destacou João Paulo Barbosa de Melo, a respeito do prelado que esteve à frente da diocese local entre 1976 e 2001.

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa recordou o “papel importante” na vida da Igreja de D. João Alves, antigo presidente do organismo, como “promotor de consensos e de pontes de unidade, com uma visão larga e aberta da Igreja e do mundo, um pastor inteligente e solícito, afinado pelo espírito do Concílio Vaticano II”.

“Não falo tanto dos cargos cimeiros que desempenhou, mas do seu estilo de exercer o ministério sacerdotal e episcopal, com grande equilíbrio e determinação”, referiu o padre Manuel Morujão à Agência ECCLESIA.

D. João Alves nasceu a 13 de dezembro de 1925, na freguesia de São Salvador, Torres Novas (Diocese de Santarém) e foi ordenado padre a 29 de junho de 1951.

O prelado foi presidente da Conferência Episcopal Portuguesa nos triénios de 1993-1995 e 1996-1999, tendo assumido depois as funções de presidente da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais durante seis anos.

D. João Alves foi também presidente da delegação da Santa Sé na Comissão Paritária instituída pela Concordata de 2004, até 2011.

OC

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