Colóquio «Santo António – 800 anos de vocação franciscana» encerra celebrações culturais jubilares
Coimbra, 12 jul 2021 (Ecclesia) – A Diocese de Coimbra recebe hoje o colóquio internacional ‘Santo António – 800 anos de vocação franciscana’, que encerra as celebrações culturais do Jubileu de Santo António e dos Mártires de Marrocos, no Mosteiro de Santa Cruz.
“Temos de resgatar Santo António – de Lisboa, de Pádua e do mundo – , do ridículo da figura a que nos fomos habituando, porque é uma figura de topo”, disse o bispo de Coimbra na sua intervenção na abertura do colóquio internacional.
D. Virgílio Antunes assinalou que o religioso português “dá azo a muitas leituras e interpretações” mas tem de haver alguém que “vá à frente nesta linha de resgatar Santo António de uma forma de o ver, de entender, de o conhecer, que não é respeitadora da sua verdadeira identidade”.
O bispo de Coimbra explicava que existem figuras da história que, “sendo tão grandes” aparecem nos dias de hoje “de forma absolutamente ridícula”, admitindo que “os mártires de Marrocos, como são mais desconhecidos estão mais preservados dessa dimensão”.
O responsável destacou que Santo António, “doutor da Igreja”, é um homem que “conhece a filosofia, a teologia, as ciências da natureza”.
O ‘Jubileu dos Mártires de Marrocos e Santo António – Coimbra 1220-2020’ teve início com a celebração de abertura da Porta Santa, na igreja de Santa Cruz, a 12 de janeiro de 2020, e terminou, com o encerramento do Ano Santo, no dia 17 de janeiro de 2021.
D. Virgílio Antunes evocou três dos desafios que apresentou antes da realização do jubileu – a espiritualidade, a renovação cultural e a vocação cristã e as vocações na Igreja.
“É importante que não só conheçamos, um congresso de caráter científico tem esse grande objetivo de trazer conhecimento e atualizado, mas depois dentro do contexto humano, eclesial, social, cultural procuremos colher alguns desafios para o tempo presente”, salientou.
O bispo de Coimbra explicou, por exemplo, que há um conjunto de desafios “no que diz respeito ao crescimento espiritual da humanidade que são essenciais” e que se colhem da figura de Santo António e a nível cultural alertou para o “risco deste conceito ficar refém de alguns setores da comunidade humana, da sociedade, e marcados por algumas ideologias que não podem arrogar-se de serem senhoras e detentoras do espetro da cultura”.
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Ao longo deste dia, os especialistas vão abordar temas como: “O pensamento filosófico de Santo António”; “O pensamento económico de Santo António”; “Os Cónegos Regrantes no tempo de Santo António”; “Traços do monaquismo primitivo na obra antoniana”; “Presenças de Santo António na moderna Literatura Portuguesa” e “Santo António nos sermões do Padre António Vieira”.
O colóquio internacional era para ser realizado a 16 de janeiro de 2021, pelos 75 anos da proclamação de Santo António como doutor da Igreja, e encerra o programa cultural das celebrações do Jubileu de Santo António e dos Mártires de Marrocos, que foi adiado devido ao agravamento da situação pandémica.
O padre Francisco Prior Claro, em nome da comissão executiva do jubileu, explicou que do programa do Ano Santo ficaram aspetos por realizar e destacou que esperam estrear a ‘Missa de Santo António’, que o maestro António Vitorino de Almeida compôs, e a cantata ‘de Fernão se fez António’.
O sacerdote desejou que o colóquio seja “ocasião fecunda” para superar a ideia de um Santo António que “apenas cheira a sardinhas assadas, é evocado quando se perdem as chaves ou é preciso arranjar um noivo ou uma noiva”.
“Queremos superar essa ideia popular e devolver à nossa Coimbra e ao nosso país a imagem plena e integral de Santo António um homem extraordinário no seu tempo e cujo exemplo e carisma continuam a brilhar na igreja em Portugal; Santo António continua a ser um farol extraordinário que nos indica o caminho das verdades eternas e nos convoca à criação de uma sociedade mais justa e fraterna”, desenvolveu o padre Francisco Prior Claro.
Na véspera da sua festa litúrgica, o colóquio ‘Santo António – 800 anos de vocação franciscana’ está a ser transmitido online, através das redes sociais da Diocese de Coimbra, desde o Mosteiro de Santa Cruz.
Pelas 17h15, vai ser o lançamento do volume ‘Mártires de Marrocos – nos 800 Anos do seu Martírio’ e o encerramento está previsto para as 18h00, com uma conferência de frei Henrique Pinto Rema sobre ‘Santo António de Coimbra, de Lisboa, de Pádua e do Mundo inteiro’.
A 16 de janeiro de 2020 comemoram-se os 800 anos do martírio dos primeiros frades que São Francisco de Assis enviou em missão para Marrocos – os Franciscanos italianos Vital, Berardo, Pedro, Acúrsio, Adjuto e Otão; tal acontecimento, juntamente com a chegada das relíquias destes mártires, à igreja de Santa Cruz de Coimbra, impressionou o neo-sacerdote Fernando Martins de Bulhões (1191-1231) que decidiu, nesse mesmo ano, fazer-se frade menor, assumindo o nome de António, como é conhecido hoje o mais famoso santo português.
CB
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