Mostra parte de uma xilografia sobre Florence Nightingale, assinalando Ano Internacional do Enfermeiro
Coimbra, 23 jan 2020 (Ecclesia) – O Seminário Maior de Coimbra inaugurou a exposição ‘Cuidar do outro, pela xilogravura de monsenhor Nunes Pereira’, a partir de um quadro sobre um momento da vida da enfermeira Florence Nightingale, e vai promover um ciclo de conferências.
“A exposição vai ter um percurso, o quadro foi dividido, secionado em pormenores. Há pormenores muito interessantes como a lâmpada, símbolo da enfermagem mas também pode ser que somos a luz para alguém em sofrimento”, destacou a responsável pelo Museu Nunes Pereira, Cidália Santos, em declarações à Agência ECCLESIA.
A exposição temporária começa num quadro que retrata “essencialmente, uma passagem muito particular da enfermeira Florence Nightingale, na Guerra da Crimeia” e depois o visitante continua num percurso com quatro pormenores desse quadro.
‘As mãos que cuidam’, ‘a lanterna que ilumina’, ‘o sofrimento que continua’ e ‘a presença que dá esperança’ é o percurso expositivo a partir do quadro que tem “10 pessoas representadas, a totalidade dos dedos das mãos, o trabalho que se pode abarcar”, comenta.
A responsável pelo Museu Nunes Pereira, formada em História da Arte, explica que o “crucifixo” nesta xilogravura “é uma novidade” do sacerdote artista e está relacionado “com o chamamento” da patrona dos enfermeiros, que era “a pessoa mais habilitada para prestar auxílio aos soldados feridos”.
“Aos 17 anos, Florence Nightingale diz que sentiu um chamamento de Deus e percebeu que seria através da enfermagem que iria cuidar dos outros”, explica.
A curadora conta que Florence Nightingale (1820-1910) “lutou ferozmente” para se poder “dedicar livremente a esta profissão, que na Inglaterra não era muito bem vista na época” e “recusou vários casamentos” pela sua missão.
A entrevista explica que a obra foi doada por uma enfermeira aposentada, “é peça única de uma beleza fora do normal”, que o sacerdote criou quando lhe pediram um quadro sobre enfermagem mas como “não tinha nada em mente” leu um livro com “alguns desenhos feitos à pena” que “adaptou” numa “obra fabulosa”.
O museu vai promover também o ciclo de oito tertúlias ‘Cuidar do outro – saúde, arte e espiritualidade, na senda de Florence Nightingale”, sempre às 18h00, a partir de 7 de fevereiro, no Salão de São Tomás, no Seminário de Coimbra, numa periodicidade é mensal exceto maio e agosto.
Cidália Santos adianta que o Seminário de Coimbra vai colaborar com a Escola Superior e convidaram enfermeiros para participar nas tertúlias e vão ter sempre associado “um pormenor do quadro com uma frase da Florence Nightingale”.
“Uma conversa muito familiar, sempre três pessoas, uma vertente espiritual sempre com presença de um padre ou de uma irmã, várias enfermeiras para sabermos qual a evolução de todo este cuidado”, explicou, referindo que nas tertúlias também vai ser lançado “uma espécie de marcadores com toda a história da enfermeira”.
O Museu Nunes Pereira, com mais de 15 mil peças, tem a maior coleção do artista, com “algumas das suas melhores obras”, e encontra-se na oficina onde o sacerdote da Diocese de Coimbra trabalhou nos últimos anos da sua vida.
Cidália Santos destaca “três pontos basilares” na obra do sacerdote: “a direção do olhar, fá-lo de uma maneira muito expressivo”; a feição das pessoas que representa; e “o pormenor das mãos”.
Monsenhor Nunes Pereira, natural de Fajão na Pampilhosa da Serra, que faleceu a 1 de junho de 2001 “é reconhecido internacionalmente”, fez várias exposições nacionais e internacionais (França, Luxemburgo, Brasil, Espanha).
PR/CB